Lula: "O que queremos é parcerias. Vendemos empresas públicas para pagar juros e os serviços não melhoraram" (Ricardo Stuckert/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 24 de abril de 2023 às 09h21.
Última atualização em 24 de abril de 2023 às 09h22.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu a uma plateia de empresários brasileiros e portugueses, em Portugal, que o "Brasil tem um problema que é a taxa de juros muito alta". O presidente disse que esse nível de juros, Selic em 13,75% ao ano, desestimula investimentos e impede o consumo. Em seguida, Lula defendeu um ciclo de estímulo à economia que passe pelo consumo das classes menos favorecidas.
No raciocínio do presidente, com juros baixos e aumento de consumo, o ciclo virtuoso da economia será restabelecido. "A solução do Brasil é colocar o pobre para comprar. Já fizemos isso uma vez e vamos fazer de novo", disse.
Durante toda a sua fala no Fórum Empresarial, que acontece em Matosinhos, ao Norte de Portugal, Lula frisou que quer parcerias com os empresários brasileiros e estrangeiros para promover o crescimento e o desenvolvimento do Brasil. Nesse sentido, voltou a avisar que não venderá empresas públicas. "O que queremos é parcerias. Vendemos empresas públicas para pagar juros e os serviços não melhoraram", afirmou. Em seguida, o presidente criticou a privatização da Eletrobrás: "foi vendida e a primeira coisa que fez foi aumentar os salários da diretoria".
O presidente garantiu aos empresários que irá promover a estabilidade política, social e jurídica, criando um ambiente para atrair investimentos. "Já fomos a sexta economia do mundo e retrocedemos para a 12ª. Vamos retomar pois o Brasil está pronto para ser grande, importante e atraente", disse, acrescentando que passou os três primeiros meses de seu terceiro mandato restabelecendo políticas sociais, de ensino, que tinham sido "destruídas nos últimos quatro anos".
"Em três meses, preparamos o Brasil para um salto de qualidade. Voltamos a governar para fazer o Brasil retomar a importância. Não podemos ficar trancados a quatro chaves e vamos fazer o Brasil retomar sua importância."
Lula citou diversas áreas e setores em que o Brasil apresenta destaque e excelência e destacou o segmento de energia renovável onde Portugal está bastante presente. "O Brasil tem 80% de energia limpa", disse, lembrando também que este ano serão feitos R$ 23 bilhões de investimentos em infraestrutura.
O presidente afirmou ainda que uma das decisões desta visita foi a criação de uma agência da Apex em Lisboa e voltou a repetir que, depois de seis anos afastado do mundo, o Brasil está de volta ao cenário internacional.
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil ), Jorge Viana, e o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, confirmaram nesta segunda-feira, 24, que a Embraer, em conjunto com a Indústria Aeronáutica de Portugal (Ogam), vai produzir o Super Tucano em Portugal. As aeronaves estarão dentro das normas da Otan o que deve transformar Portugal numa plataforma para a exportação aos países membros da organização e da Europa. A informação foi antecipada pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, na última sexta-feira, 21, pelo ministro da Defesa José Múcio Monteiro. Além do Super Tucano, a Embraer tem uma parceria com a Ogma no KC 390, outro avião de guerra usado em transporte de carga e abastecimento.
Um grupo de apoiadores do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, residentes em Portugal, se posicionou próximo ao local onde ocorre o Fórum Empresarial, em Matosinhos. Assim como aconteceu em Lisboa, durante as cerimônias oficiais de recepção ao presidente Lula, os apoiadores carregam bandeiras do PT e entoam slogans tradicionais como "Lula guerreiro do povo brasileiro". Lula venceu a eleição em Portugal, com 64% dos votos. O presidente iniciou por volta das 7h, pelo horário de Brasília, discurso a um grupo de cerca de 200 empresários que participam do evento.