Economia

Em Minas, chuvas poupam maior parte dos cafezais

Chuvas já deixaram mais de 50 mortos em Minas Gerais, mas pouparam região produtora de café

Plantação de café: é improvável que as lavouras de café em áreas como o Sul de Minas e Zona da Mata sejam impactados (Amanda Perobelli/Reuters)

Plantação de café: é improvável que as lavouras de café em áreas como o Sul de Minas e Zona da Mata sejam impactados (Amanda Perobelli/Reuters)

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Reuters

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 14h25.

Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 14h27.

São Paulo — As chuvas devastadoras em Minas Gerais, que provocaram deslizamentos de terra e inundações no Estado, causando mais de 50 mortes, aparentemente não resultaram em muitos danos aos cafezais na principal região produtora do mundo.

Segundo analistas, pesquisadores e cooperativas de cafeicultores, apesar do alto número de mortos e grandes danos à infraestrutura urbana, é improvável que as lavouras de café em áreas como o Sul de Minas e Zona da Mata sejam impactados negativamente.

Ao contrário, os cafezais podem ter sido beneficiados pela umidade.

Ainda assim, existem muitos problemas para a infraestrutura rural, com o colapso de várias pontes e a deterioração das estradas que ligam fazendas a armazéns das cooperativas.

Houve relatos de deslizamentos de terra destruindo milhares de pés de café ao mesmo tempo, mas foram ocorrências isoladas sem significado estatístico.

"Tivemos esse infeliz caso quando um deslizamento de terra carregou 30 mil pés de café para baixo do morro, também derrubando a casa do produtor, matando todos", disse Fernando Cerqueira, chefe da Coocafé, uma cooperativa de café na Zona da Mata, leste de Minas Gerais.

Cerqueira disse que um agricultor da região viu seu armazém desmoronar, com muitas sacas carregadas pelas águas da enchente.

Mas, no geral, ele disse, não foram relatados mais danos.

Mais ao sul, onde fica o maior exportador de café arábica do Brasil, as chuvas foram menos violentas, disse Mario Ferraz de Araújo, que supervisiona o desenvolvimento técnico dos agricultores cooperados da Cooxupé.

"Diferentemente de outras partes do Estado, as chuvas aqui foram mais leves. Elas duraram vários dias, mas caíram regularmente ao longo do tempo", disse Araújo.

Haroldo Bonfá, analista de café da consultoria Pharos, acredita que as chuvas foram positivas para os cafezais, em geral.

"Aumentou a umidade do solo e permitiu reabastecer os reservatórios, o que será bom para a irrigação daqui para frente."

No Espírito Santo, outro Estado impactado pelas fortes chuvas, o número 1 do Brasil na produção de café robusta, basicamente não houve danos.

As principais áreas de produção estavam localizadas mais ao norte dos locais onde as inundações desabrigaram mais de 10 mil pessoas de suas casas, de acordo com o centro de pesquisa agrícola Incaper.

"Na parte norte do Estado, onde está localizada a maioria das fazendas de café, as chuvas foram boas para as lavouras", disse Abraão Verdin, pesquisador-chefe de café do Incaper.

Os especialistas disseram que os agricultores podem encontrar dificuldades de entrar em algumas lavouras para atividades de tratos culturais, como a aplicação de fungicidas, o que pode ter implicações negativas para a produção.

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