Gabriel Galípolo: inflação acima da meta devido ao câmbio e fatores domésticos (Elio Rizzo/BCB/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 20h47.
Em carta enviada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, detalhou os principais fatores que levaram o IPCA a fechar 2024 em 4,83%, acima do limite superior da meta de 4,5%. O documento aponta a depreciação cambial, motivada por fatores domésticos como a frustração com o cenário fiscal, como o maior impacto para o desvio inflacionário.
Galípolo também mencionou o forte crescimento da atividade econômica, eventos climáticos e o aumento das expectativas de inflação como contribuintes para o descumprimento da meta de 3,0%. [Grifar]Segundo ele, os fatores domésticos desempenharam um papel decisivo para a alta do dólar, enquanto o impacto da valorização global da moeda americana e de Donald Trump também foi citado.[Grifar]
O Banco Central apresentou uma decomposição das causas do desvio de 1,83 p.p. em relação à meta de 3,0%:
Entre os impactos do câmbio, o real registrou uma desvalorização expressiva. A taxa de câmbio subiu de R$ 4,95 no último trimestre de 2023 para R$ 5,84 no mesmo período de 2024, representando uma queda de 19,7% na moeda brasileira. A desvalorização do real foi intensificada pela percepção de risco fiscal e pelas medidas consideradas tímidas pelo mercado para conter os gastos públicos.
Para conter a inflação, o BC já está aumentando a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 12,25% ao ano, com previsão de chegar a 14,25% em março de 2025. O Copom também indicou ajustes adicionais diante do cenário adverso.
Galípolo afirmou que a inflação deve permanecer acima do intervalo de tolerância ao menos até o terceiro trimestre de 2025, quando a projeção é de 5,1%. Ainda que o novo sistema de metas contínuas ofereça maior transparência, o retorno à meta de 3,0% só é previsto para 2027, segundo o Relatório Trimestral de Inflação.