Economia

Eletropaulo e Eletrobras podem ter acordo sobre dívida no 1° tri

Fonte diz empresas estão muito próximas de um acordo para encerrar uma disputa de mais de 30 anos sobre uma dívida superior a 2 bilhões de reais

Eletropaulo empresa tem como principais acionistas o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar) e a AES (Germano Lüders/Exame)

Eletropaulo empresa tem como principais acionistas o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar) e a AES (Germano Lüders/Exame)

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Reuters

Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 15h50.

São Paulo - A distribuidora de energia Eletropaulo e a Eletrobras estão muito próximas de um acordo para encerrar uma disputa de mais de 30 anos sobre uma dívida superior a 2 bilhões de reais que a estatal cobra junto à concessionária responsável pelo fornecimento em São Paulo, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.

O acerto, que poderia acontecer entre as empresas ainda no primeiro trimestre, para depois ser homologado na Justiça, pode ainda abrir caminho para que a norte-americana AES venda toda ou parte de sua fatia na Eletropaulo, adicionou a fonte, que falou sob a condição de anonimato porque as tratativas são sigilosas.

A Eletrobras disse na semana passada que seu Conselho de Administração aprovou no início de fevereiro condições gerais não vinculantes para o acordo.

"O que está na mesa é (um pagamento pela Eletropaulo à Eletrobras) da ordem de 700 milhões de reais à vista e o saldo restante em 10 anos, cerca de 75 milhões por ano", disse a fonte.

O negócio está em uma "reta final de ajustes", com a Eletropaulo demandando mudanças pontuais para que o pagamento se encaixe melhor em seu fluxo de caixa.

A Eletropaulo fechou o terceiro trimestre de 2017 com mais de 400 milhões de reais em caixa e equivalentes de caixa, segundo o balanço mais recente divulgado pela companhia.

Procurada, a Eletrobras disse que não iria comentar. A Eletropaulo disse que não comenta rumores de mercado.

A Eletropaulo tem como principais acionistas o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar) e a AES, com 18,7 por cento e 16,8 por cento, respectivamente.

Emissão e mudanças

Em paralelo às negociações sobre a dívida, a Eletropaulo tem avaliado a realização de uma oferta primária de ações que poderia levantar até 1,5 bilhão de reais para investimentos em seu plano de negócios, disse a fonte.

A distribuidora anunciou nesta semana que pretende investir 4,94 bilhões de reais entre 2018 e 2022.

A oferta deve envolver ainda uma emissão secundária para que a AES e o BNDES vendam total ou parcialmente suas fatias na Eletropaulo, em uma decisão que dependeria também do preço a ser fixado para a transação, disse a fonte.

"É natural que os dois, AES e BNDES, considerem vender, mais intensamente a AES", afirmou.

O movimento seguiria um posicionamento estratégico global da AES de deixar o setor de distribuição de energia para focar em geração, principalmente com fontes renováveis.

A companhia vendeu sua distribuidora AES Sul para a CPFL Energia em 2016 e passou a concentrar uma atenção maior na controlada AES Tietê, de geração, que tem participado de leilões e realizado aquisições de ativos renováveis no país.

Segundo a fonte, a ideia da Eletropaulo é não associar o acordo sobre a dívida a uma emissão, mas sim chegar a um acerto que possibilite à companhia honrar os compromissos com seu fluxo de caixa, permitido que os recursos da oferta primária apoiem o pesado plano de investimentos da distribuidora.

Procurada, a AES Brasil disse que não vai se manifestar sobre o assunto. O BNDES disse que "não comenta rumores de compra e venda de ações". A Eletropaulo também não quis comentar.

A Eletrobras avalia ter 2,79 bilhões de reais a receber da Eletropaulo, dos quais 350 milhões já estão reconhecidos em seu ativo. Já a Eletropaulo estima a causa em 2 bilhões de reais, segundo o balanço das elétricas no terceiro trimestre.

Ao valor atual dos papéis da Eletropaulo, de cerca de 16,60 reais por ação ordinária, o BNDESPar poderia obter mais de 520 milhões com a venda de sua fatia na empresa, enquanto a AES poderia levantar quase 470 milhões de reais.

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