Economia

Eldorado Brasil mira China e alta de preços com nova fábrica

Somando todos os projetos de expansão, a capacidade de produção anual de celulose no país deve subir em cerca de 5 milhões de toneladas entre 2016 e 2018


	Fábrica de papel da Eldorado: A empresa do grupo J&F prevê que sua segunda linha de produção comece a operar no primeiro semestre de 2018
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Fábrica de papel da Eldorado: A empresa do grupo J&F prevê que sua segunda linha de produção comece a operar no primeiro semestre de 2018 (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2015 às 12h26.

São Paulo - A Eldorado Brasil prevê que o aumento da demanda da China e a extensão a tendência de alta do preço da celulose vão impulsionar as vendas de sua nova fábrica em Três Lagoas (MS), apesar da rival Fibria ter decidido também elevar a capacidade no município e da Klabin iniciar novo projeto em 2016.

Somando todos os projetos de expansão, a capacidade de produção anual de celulose no país deve subir em cerca de 5 milhões de toneladas entre 2016 e 2018.

Mesmo assim, o presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich, está confiante no mercado. "O preço da celulose vai continuar subindo (até 2018)", disse em entrevista à Reuters."O mercado vai seguir crescendo, as entradas de capacidade são conhecidas e a capacidade mundial de implementar novos projetos está cada vez menor".

A empresa do grupo J&F prevê que sua segunda linha de produção comece a operar no primeiro semestre de 2018, adicionando 2 milhões de toneladas anuais à capacidade atual, de 1,7 milhão de toneladas.

Grubisich diz ver demanda expressiva da Ásia, para onde a Eldorado envia a maior parte de sua produção, principalmente na China, por conta do aumento da procura por papel tipo tissue, usado na produção de papel higiênico, toalhas de papel e guardanapos.

O mercado global de celulose cresce de 1,4 milhão de toneladas a 1,6 milhão de toneladas por ano, grande parte por conta da China, disse. "A gente olha mercado global sabendo que o crescimento está na Ásia e na China, mas tem um potencial enorme nos Estados Unidos e ainda tem potencial na Europa", disse Grubisich.

Em 2014, a Eldorado direcionou 39 por cento de suas vendas para a Ásia e 34 por cento à Europa. As vendas domésticas, que representam cerca de 10 por cento do total, devem permanecer neste patamar com a nova linha de produção.

Além de esperar crescimento na demanda, Grubisich afirma que a capacidade mundial de implantar novos projetos grandes deve ficar cada vez mais difícil.

A construção de uma fábrica com 2 milhões de toneladas de capacidade anual hoje exige 200 mil hectares de terra para fornecimento de madeira, calculou.

"Não é em qualquer lugar que se consegue terra, topografia e logística para plantar 200 mil hectares. Em outros lugares do mundo, precisaria de 400 mil hectares, porque a produtividade é muito menor", afirmou.

A Eldorado também aposta que, com a maior oferta de celulose de fibra curta, produzida pelas empresas brasileiras, aumentará a pressão para a substituição da fibra longa, que deve ser empurrada para nichos de mercado.

A celulose de fibra longa é usada para papéis que demandam mais resistência, como embalagens, e em geral usada na celulose tipo fluff, para fraldas e absorventes.

Apesar de ser nova no mercado, tendo começado a produção no fim de 2012, a Eldorado afirma que conseguiu elevar os preços nos últimos sete meses.

"Nosso preço médio de venda é superior ao de Fibria e Suzano, porque escolhemos ir a clientes que estão crescendo, grandes, mas não os maiores", disse Grubisich. Segundo ele, a preferência por clientes menores, que exigem menos descontos, faz com que na média o preço seja maior.

Apesar de o mercado de celulose brasileiro ser fragmentado, o que de certa forma impede que as companhias sejam formadoras de preços, não deve haver consolidação enquanto as empresas ainda estiverem crescendo individualmente, disse Grubisich.

Economias a partir de junho

Além de lançar a pedra fundamental da segunda linha de produção em junho, a Eldorado terá também neste mês seu terminal no Porto de Santos em plena operação.

Com isso, estima melhorar seus resultados com ganho em logística de pelo menos 80 milhões de reais anuais. E com o encerramento da operação florestal em São Paulo, que funcionava em acordo com a Duratex, a empresa pretende economizar 3 milhões de reais em pedágio por mês, uma vez que levará a operação para o Mato Grosso do Sul.

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