Economistas reforçam que será difícil controlar inflação
Especialistas ligados ao Instituto Brasileiro de Economia acreditam que a inflação deve fechar o ano próxima do teto de 6,5%
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2011 às 16h17.
Rio de Janeiro - O Boletim Macro, divulgado hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), informa que a inflação continua crescendo, está atingindo mais produtos e de uma forma mais persistente. Para os economistas do instituto, não é possível fazer projeções sobre a trajetória da inflação sem incertezas, mas o cenário mais provável indica que a taxa deve mesmo fechar o ano bem próxima do teto da meta estipulada pelo governo (6,5% no acumulado de 2011).]
A escalada da inflação é reflexo, segundo o estudo, do aquecimento da economia em níveis ainda altos no primeiro trimestre do ano. O boletim aponta que o indicador de atividade econômica vem registrando a retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), impulsionada pela recuperação da indústria e pela absorção doméstica, que considera consumo e investimentos. O boletim apresenta uma projeção de crescimento de 1,4% do PIB no primeiro trimestre do ano.
Para o economista Régis Bonelli, coordenador geral do levantamento, diante desse cenário, a taxa básica de juros (Selic), estipulada mensalmente pelo Banco Central, deve continuar sendo reajustada para cima até que o quadro inflacionário seja domado.
“Nós estamos ainda com uma economia muito acelerada, quando esperávamos um pouco menos, e isso tem implicação para a inflação, que continua acelerando. Isso significa que as medidas que vêm sendo tomadas desde dezembro, como aumento da taxa de juros, estão surtindo efeito, mas um pouco mais lentamente ou de forma não tão eficaz quanto a gente esperaria. Como resultado, tem um repique inflacionário”, explicou.
Os economistas do Ibre alertam que a Selic tem um impacto maior sobre a indústria pelo canal do crédito. A elevação da taxa torna os empréstimos mais difíceis e os bancos mais rigorosos. Essa situação deveria desaquecer o nível da atividade econômica, mas não está acontecendo na velocidade que os analistas previram.
Segundo a análise do instituto, a inflação não tem mais apenas um ou outro setor como principal vilão, como foram os alimentos, até o ano passado. Nos últimos 12 meses, o número de itens que estão registrando aumento de preços é cada vez maior e, mais preocupante, é que muitos desses itens fazem parte do grupo de serviços, livres ou administrados pelo governo, como as tarifas de energia elétrica.
O economista André Vaz, do Ibre, explica que os preços dos serviços são os menos sensíveis à variação da taxa Selic, ou seja, respondem com menor intensidade e mais lentamente às medidas adotadas pelo governo para controlar a inflação.
“Você pode subir a taxa de juros, mas, dado que o mercado de trabalho está aquecido, isso pode pressionar custos desse mesmo segmento. Ou seja, serviços livres seguem pressionados e apresentam aumento médio de 9% nos últimos 12 meses. Pra frente, a gente prevê um pouco mais de resistência desse conjunto de preços. E temos também preços administrados em alta. Nossa conta de luz, de água e de telefone vão ter aumentos maiores que em 2010 e isso também é uma nova fonte de pressão para a inflação”, explicou André Vaz.
Rio de Janeiro - O Boletim Macro, divulgado hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), informa que a inflação continua crescendo, está atingindo mais produtos e de uma forma mais persistente. Para os economistas do instituto, não é possível fazer projeções sobre a trajetória da inflação sem incertezas, mas o cenário mais provável indica que a taxa deve mesmo fechar o ano bem próxima do teto da meta estipulada pelo governo (6,5% no acumulado de 2011).]
A escalada da inflação é reflexo, segundo o estudo, do aquecimento da economia em níveis ainda altos no primeiro trimestre do ano. O boletim aponta que o indicador de atividade econômica vem registrando a retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), impulsionada pela recuperação da indústria e pela absorção doméstica, que considera consumo e investimentos. O boletim apresenta uma projeção de crescimento de 1,4% do PIB no primeiro trimestre do ano.
Para o economista Régis Bonelli, coordenador geral do levantamento, diante desse cenário, a taxa básica de juros (Selic), estipulada mensalmente pelo Banco Central, deve continuar sendo reajustada para cima até que o quadro inflacionário seja domado.
“Nós estamos ainda com uma economia muito acelerada, quando esperávamos um pouco menos, e isso tem implicação para a inflação, que continua acelerando. Isso significa que as medidas que vêm sendo tomadas desde dezembro, como aumento da taxa de juros, estão surtindo efeito, mas um pouco mais lentamente ou de forma não tão eficaz quanto a gente esperaria. Como resultado, tem um repique inflacionário”, explicou.
Os economistas do Ibre alertam que a Selic tem um impacto maior sobre a indústria pelo canal do crédito. A elevação da taxa torna os empréstimos mais difíceis e os bancos mais rigorosos. Essa situação deveria desaquecer o nível da atividade econômica, mas não está acontecendo na velocidade que os analistas previram.
Segundo a análise do instituto, a inflação não tem mais apenas um ou outro setor como principal vilão, como foram os alimentos, até o ano passado. Nos últimos 12 meses, o número de itens que estão registrando aumento de preços é cada vez maior e, mais preocupante, é que muitos desses itens fazem parte do grupo de serviços, livres ou administrados pelo governo, como as tarifas de energia elétrica.
O economista André Vaz, do Ibre, explica que os preços dos serviços são os menos sensíveis à variação da taxa Selic, ou seja, respondem com menor intensidade e mais lentamente às medidas adotadas pelo governo para controlar a inflação.
“Você pode subir a taxa de juros, mas, dado que o mercado de trabalho está aquecido, isso pode pressionar custos desse mesmo segmento. Ou seja, serviços livres seguem pressionados e apresentam aumento médio de 9% nos últimos 12 meses. Pra frente, a gente prevê um pouco mais de resistência desse conjunto de preços. E temos também preços administrados em alta. Nossa conta de luz, de água e de telefone vão ter aumentos maiores que em 2010 e isso também é uma nova fonte de pressão para a inflação”, explicou André Vaz.