Economia

Economia fraca e setor público derrubam Brasil em ranking de competitividade

Economia cresce pouco e gastos públicos são mal direcionados, o que prejudica a eficiência do setor privado, diz relatório do instituto suíço IMD

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h36.

A ineficiência do setor público e o baixo crescimento econômico fizeram o Brasil cair cinco posições no ranking anual de competitividade elaborado pelo instituto suíço IMD. No relatório deste ano, o país aparece em 49º lugar, entre os 55 analisados. No ano passado, o Brasil ocupava a 44ª colocação. Apenas 15 nações caíram de classificação neste ano - e o Brasil está entre os seis países que mais recuaram.

Classificação geral
Posição em 2007PaísPosição em 2006
1Estados Unidos1
2Cingapura3
3Hong Kong2
4Luxemburgo9
5Dinamarca5
6Suíça8
7Islândia4
8Holanda15
9Suécia14
10Canadá7
49Brasil44
Fonte: IMD

O relatório analisa 323 itens, entre dados econômicos, indicadores setoriais e pesquisas qualitativas. Os resultados são agrupados em cinco categorias: desempenho geral - na qual o país perdeu as cinco posições e terminou na 49ª -; desempenho econômico; eficiência da máquina pública; eficiência do ambiente de negócios; e infra-estrutura. O Brasil foi rebaixado em todas as categorias.

Segundo o IMD, o que mais prejudicou o Brasil foi a conjunção de baixo crescimento econômico com a ineficiência dos gastos públicos. Esses dois aspectos deterioraram a infra-estrutura do país e prejudicaram o ambiente de negócios. Apesar da estabilidade econômica e de alguns indicadores positivos, como os constantes superávits comerciais e o acúmulo de reservas internacionais, o IMD considera o crescimento da economia "medíocre", quando comparado ao de outros países emergentes.

Quem mais avançou em 2007
Número de posições que subiuPaísRanking 2007Ranking 2006
9Alemanha1625
7Holanda815
6Itália4248
5Luxemburgo48
5Suécia914
5Romênia4449
Fonte: IMD

Economia

A incapacidade de o país acelerar o passo refletiu na deterioração de seu desempenho econômico no relatório do IMD. Em 2006, o Brasil ocupava a 38ª colocação nesse quesito. Neste ano, passou à 47ª - uma queda de nove posições, a maior entre todos os tópicos analisados. O relatório traz ressalvas sobre a capacidade de o governo elevar rapidamente a renda per capita, reduzir o desemprego, o peso do Estado sobre a economia, e expandir o crédito, devido aos juros altos.

As críticas repercutiram na classificação do país quanto à eficiência da máquina pública. O Brasil recuou quatro posições neste ano e ficou em 54º lugar. Entre os subitems que compõem essa categoria, o país ficou em último lugar em três (alto custo de capital; burocracia para criar novos negócios; e taxas de juros para pessoas jurídicas). Também ficou em penúltimo em outras duas: número excessivo de dias para abrir uma empresa; e taxa de câmbio favorável aos negócios.

Quem mais caiu em 2007
Número de posições que perdeuPaísRanking 2007Ranking 2006
12África do Sul5038
8Japão2416
7Finlândia1710
6Austrália126
5Turquia4843
5Brasil4944
Fonte: IMD

Segundo o IMD, apesar da elevada carga tributária e do aumento da arrecadação, o governo está gastando mal. Os recursos são absorvidos pelo custeio da máquina pública e pelo sistema previdenciário, e não direcionados para investimentos produtivos. Por isso, o país também recuo na categoria infra-estrutura de 46º para 49º.

"As restrições orçamentárias [decorrentes das metas de superávit primário] não impediram o governo de elevar os gastos por meio do aumento de impostos e da redução dos investimentos em infra-estrutura. Os gastos públicos são excessivos e mal direcionados, resultando em investimentos públicos e privados inadequados", afirma o IMD.

Desempenho do Brasil
ItemPosição 2007Posição 2006
Desempenho geral4944
Desempenho econômico4738
Eficiência da máquina pública5451
Eficiência das empresas4035
Infra-estrutura4946
Fonte: IMD

Ambiente de negócios

Como não poderia deixar de ser, toda a ineficiência da máquina pública e do baixo crescimento econômico afetam a competitividade das próprias empresas. O reflexo foi a queda do país também nessa categoria - de 35º para 40º lugar. Entre os pontos negativos destacados pelo IMD, estão o elevado risco dos investimentos (o país ficou em 47º neste item), a baixa produtividade da mão-de-obra (47º), a baixa produtividade em geral das empresas (48º), a dificuldade de acesso a crédito (51º) e a falta de linhas de capital de risco (54º).

A receita do IMD para elevar a competitividade brasileira contém fórmulas bem conhecidas. Além de manter a estabilidade econômica, o instituto recomenda que o país se engaje seriamente nas reformas estruturais, como a da Previdência e a tributária. O documento também afirma que há "uma necessidade urgente de elevar a demanda interna, a fim de compensar uma futura desaceleração das exportações".

O relatório também critica a atuação do governo na área social. Segundo o IMD, o Brasil ainda precisa melhorar muito o combate à criminalidade e à corrupção, e elevar os investimentos em educação.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

São Paulo cria meio milhão de empregos formais em um ano, alta de 3,6%

EUA divulga payroll de agosto nesta sexta — e que pode ser crucial para o Fed

Senado marca sabatina de Galípolo para 8 de outubro, dia em que indicação será votada no plenário

Lula diz que acordo com Vale sobre desastres em Minas Gerais será resolvido até outubro

Mais na Exame