Economia brasileira tem tudo o que os espanhóis querem
Para especialista, momento do país cria condições ideais para atrair grandes investimentos e reforçar as relações bilaterais com a Espanha
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2010 às 18h28.
São Paulo - O perfil do crescimento econômico brasileiro há tempos atrai olhares de investidores do mundo todo. Um dos países que planejam apostar cada vez mais alto no potencial do nosso mercado é a Espanha. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, o Brasil tem características que criam um ambiente com "tudo o que os espanhóis querem". E os investimentos que eles estão dispostos a fazer por aqui representam "o que podemos ter de melhor".
De acordo com Lima, o Brasil deve ser alvo de uma terceira onda de investimentos maciços dos espanhóis. A primeira aconteceu nos anos 1990, com a série de privatização em setores como energia, telecomunicações e saneamento. Depois, em 2007, pegando carona no aquecido mercado de fusões e aquisições de empresas no país. Atualmente, segundo informações do Banco Central, a Espanha é o segundo país em investimentos estrangeiros diretos no Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos.
Agora, além dos tradicionais setores em que a Espanha já investe, os empresários do país devem procurar oportunidades nos segmentos em franca ascensão no Brasil. "A Espanha sofreu bastante com a crise mundial, e isto é um fator de expulsão do capital de lá. Nosso mercado cria as condições de que eles precisam para continuar em expansão". Os principais exemplos são os de atividades que crescem com o consumo, como turismo, a hotelaria e a construção civil. Este último envolve não apenas o mercado imobiliário, mas também as obras de infraestrutura, como a construção de estradas e inovações em transportes.
E engana-se quem pensa que a menina dos olhos dos espanhóis são os eventos esportivos que o Brasil vai sediar em 2014 e 2016. "Estes setores mais procurados estão ficando saturados na Espanha. É claro que Copa do Mundo e Olimpíadas favorecem a vinda de investimentos, mas mesmo que eles não fossem acontecer no Brasil, os espanhóis seriam atraídos", diz o presidente da Sobeet.
Lima explica que os principais atrativos para os espanhóis são o crescimento da massa salarial como um todo e a melhora na distribuição de renda. "Além disso, pensando no setor da construção, há ainda o fato de que enfrentamos um elevado déficit habitacional", explica.
Perfil
Ao contrário do que outros países da Europa fizeram, investindo em projetos que começariam do zero, a atuação espanhola deve ser em empresas ou atividades já existentes. "Os investimentos aqui serão cada vez menos voltados para setores como o de exploração de recursos naturais. A tendência é que eles sejam direcionados para a inovação, tecnologia. E este tipo de investimento direto, voltado para a criação de valor adicionado, é o que precisamos, e o que de melhor podemos ter", conclui.