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É preciso diversificar os meios de conter a inflação, diz Tendências

Maior abertura comercial, aumento do depósito compulsório e aperto do superávit fiscal são alternativas à alta da Selic

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h15.

A política monetária do Banco Central (BC), baseada na elevação da taxa básica de juros (Selic), não pode ser o único instrumento de combate à inflação. Caso o governo brasileiro insista em conter eventuais pressões inflacionárias apenas recorrendo ao encarecimento do crédito, corre o sério risco de inibir os investimentos produtivos e comprometer o crescimento do país. A conclusão é da Tendências Consultoria, que defende a diversificação das estratégias de combate ao aumento de preços.

"A manutenção de taxas de juros reais elevadas promove a postergação dos planos de investimento das empresas, prejudicando a expansão da capacidade produtiva do país. Em outras palavras, os empresários e os investidores seriam os primeiros a pisar no freio, tornando auto-realizável a pressão inflacionária futura", afirma a análise.

A primeira alternativa à política monetária seria aumentar ainda mais o superávit fiscal, segundo a Tendências. No final de setembro, o Ministério da Fazenda anunciou a elevação do superávit para 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Conforme o acordo do governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país precisa economizar 4,25% do PIB neste ano para o pagamento de juros.

Conforme a Tendências, esse seria um caminho mais adequado para combater a inflação, já que o aumento da Selic deteriora o perfil da dívida pública, pois boa parte dos débitos federais está atrelada a ela. A consultoria afirma que há espaço para elevar o aperto fiscal, por meio do corte de gastos públicos.

A segunda opção é promover uma maior abertura comercial do Brasil. Segundo a consultoria, a redução da alíquota de importação de alguns produtos poderia servir como freio para eventuais aumentos de preços no mercado interno, já que os produtores brasileiros passariam a contar com maior concorrência dos importados. A consultoria lembra que o país atravessa uma boa fase nas transações internacionais. O superávit da balança comercial deve encerrar 2004 em 32 bilhões de dólares.

Precaução

Para evitar uma inflação de demanda, a Tendências recomenda a redução do acesso ao crédito para o consumidor final. Isso seria possível por meio da elevação da alíquota do compulsório que os bancos públicos e privados são obrigados a depositar no BC. "Se de fato há uma preocupação exacerbada com a demanda, há instrumentos que podem ser utilizados para possibilitar um ajuste menos doloroso em termos de crescimento", diz o relatório.

A consultoria reconhece o comprometimento "inquestionável" do BC em combater a inflação. Mas afirma que a postura conservadora da instituição decorre do trauma do período de hiperinflação vivido pelo país. Por isso, a Tendências afirma que o governo precisa ter cuidado na busca pela construção da credibilidade do país junto aos investidores estrangeiros. Uma postura excessivamente conservadora pode comprometer o sucesso dessa tarefa.

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