Economia

Duterte chama EUA de "valentões" e reitera política independente

Duterte reafirmou a intenção de empreender uma política independente nas áreas de defesa e diplomacia

Duterte: o polêmico líder deu as declarações à imprensa após chegar ao Japão (Erik De Castro/Reuters)

Duterte: o polêmico líder deu as declarações à imprensa após chegar ao Japão (Erik De Castro/Reuters)

E

EFE

Publicado em 25 de outubro de 2016 às 10h08.

Tóquio - O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, chamou nesta terça-feira o governo dos Estados Unidos de "valentão" pelas críticas às violações dos direitos humanos ocorridas em seu país desde que assumiu o poder e reiterou que adotará uma política externa independente da Casa Branca.

O polêmico líder deu as declarações à imprensa após chegar ao Japão, onde inicia hoje uma visita de três dias após viajar na semana passada a Pequim e anunciar os planos de ruptura com os EUA.

Duterte, que terá como primeiro compromisso oficial um jantar com o chanceler do Japão, Fumio Kishida, reafirmou a intenção de empreender uma política independente nas áreas de defesa e diplomacia, voltando a atacar a Casa Branca.

O presidente das Filipinas destacou que as críticas dos EUA pelas violações de direitos humanos em seu país refletem a atitude de "valentão" de Washington e desafiou os que fazem as denúncias a levar o caso ao Tribunal Penal Internacional (TPI), segundo declarações divulgadas pela agência "Kyodo".

"Se eles têm provas, que sigam adiante e iniciem um processo. Posso apodrecer na prisão pelo meu país se necessário. Ninguém tem direito de me reprender por proteger as futuras gerações de filipinos", afirmou Duterte.

EUA, União Europeia e ONU criticaram abertamente as violações dos direitos humanos que estão sendo cometidas na guerra contra o tráfico de drogas promovida por Duterte nas Filipinas.

O governo do Japão recebe o líder filipino com certa inquietação diante da possibilidade de que o giro nas relações com os EUA gere instabilidade em uma região na qual Tóquio conta com Manila e Washington entre seus principais aliados.

O chanceler do Japão afirmou que as Filipinas são um "parceiro muito importante" na região e que também confia em "estreitar a cooperação" com Manila. No jantar, Kishida irá defender a importância da presença militar norte-americana para manter a estabilidade e a paz na região Ásia-Pacífico.

A mesma estratégia será adotada pelo primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, que se encontra com Duterte amanhã, segundo fontes do governo consultadas pela "Kyodo".

Abe também planeja oferecer a Duterte um programa de ajuda financeira para apoiar o desenvolvimento na ilha de Mindanao, além de equipamentos para reforçar a tropa filipina diante das disputas territoriais mantidas com a China e outros países vizinhos.

O Japão, maior parceiro comercial das Filipinas à frente de China e EUA, espera assim consolidar suas relações com o aliado após a chegada de Duterte ao poder, contendo a crescente influência de Pequim na região.

Além do encontro com Abe, o presidente das Filipinas deve participar amanhã de um fórum com empresários e se reunir na quinta-feira com o imperador Akihito antes de voltar a Manila.

Acompanhe tudo sobre:Comércio exteriorEstados Unidos (EUA)Filipinas

Mais de Economia

BB Recebe R$ 2 Bi da Alemanha e Itália para Amazônia e reconstrução do RS

Arcabouço não estabiliza dívida e Brasil precisa ousar para melhorar fiscal, diz Ana Paula Vescovi

Benefícios tributários deveriam ser incluídos na discussão de corte de despesas, diz Felipe Salto

Um marciano perguntaria por que está se falando em crise, diz Joaquim Levy sobre quadro fiscal