Economia

Draghi consegue apoio do BCE na compra de títulos ilimitada

Com o plano de compra de títulos sendo o foco da reunião , o Banco Central Europeu manteve a taxa de juros em 0,75

Mario Draghi, presidente do BCE, sorrindo (Alex Domanski/Reuters)

Mario Draghi, presidente do BCE, sorrindo (Alex Domanski/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2012 às 14h48.

Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) definiu o lançamento de um novo programa de compra de títulos potencialmente ilimitado para reduzir os custos de empréstimos de países da zona do euro e restringir a crise da dívida, disse o presidente do BCE, Mario Draghi, nesta quinta-feira.

Buscando manter sua promessa de fazer o que for necessário para preservar o euro, Draghi afirmou que o novo plano, desenhado para o mercado secundário, vai lidar com distorções do mercado de títulos e temores "infundados" de investidores sobre a sobrevivência do euro.

O esquema, ao qual sabe-se que o Bundesbank, banco central alemão, se opôs, irá se concentrar em bônus que vencem dentro de três anos e ficou estritamente dentro do mandato do BCE, disse Draghi. Apenas um membro do Conselho de Administração do BCE mostrou-se dissidente, disse ele.

"Sob condições apropriadas, teremos uma escora completamente efetiva para impedir cenários potencialmente destrutivos", disse Draghi em entrevista à imprensa após a reunião mensal do banco central.

"Nenhum limite quantitativo ex-ante foi determinado sobre o tamanho das transações monetárias diretas", disse ele, usando o termo formal para programas de compra de título do BCE.

Investidores estavam ansiosos, aguardando para saber como o BCE iria agir para ajudar a reduzir os custos de empréstimos de Espanha e Itália, após desentendimentos entre autoridades sobre o plano terem ido a público na semana passada.

As declarações de Draghi ao menos atenderam as expectativas, disseram analistas. Com o plano de compra de títulos sendo o foco da reunião desta quinta-feira, o BCE manteve a taxa de juros em 0,75 por cento.

A pressão sobre Draghi se intensificou após uma reportagem em um jornal alemão dizendo que o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, havia pensado em renunciar devido à sua oposição às compras de títulos, embora várias fontes tenham dito que ele não fez tal ameaça.

Aparentemente Draghi obteve sucesso em garantir o apoio no Conselho de Administração para um plano com o qual Weidmann poderia viver, apesar de seu aparente voto negativo.

O presidente do Bundesbank demonstrou preocupação de que uma intervenção no mercado de título iria quebrar o tabu do BCE de financiar membros da zona do euro. Outras autoridades do BCE veem uma urgência maior para ajudar a Espanha e a Itália e impedir um aprofundamento da crise da zona do euro.

Draghi afirmou que o BCE só irá ajudar países que concordarem em implementar condições econômicas duras, com o fundo de resgate da zona do euro também comprando seus títulos, e de preferência com o Fundo Monetário Internacional (FMI) envolvido na definição e monitoramento das condições.


Uma nova intervenção do BCE nos mercados de títulos da zona do euro é crucial para dar tempo aos governos para que apresentem uma resposta de prazo mais longo à crise da dívida do bloco.

Os yields dos títulos de Espanha e Itália recuaram de maneira significativa desde que Draghi afirmou em 2 de agosto que o BCE compraria títulos emitidos por Madri e Roma. Eles recuaram mais após Draghi falar sobre o plano nesta quinta-feira.

As compras de dívida pelo BCE --que vão suceder o Programa de Mercados de Títulos (SMP) que está inativo desde março-- serão suspensas se os países não consentirem com os termos.

Como a corte constitucional da Alemanha não deve decidir sobre o novo fundo de resgate ESM até a próxima semana, não há perspectiva de o BCE intervir imediatamente.

"Vários investidores esperam que o botão seja apertado sem muitas dificuldades, mas é um pouco mais complicado do que isso", disse o economista do Deutsche Bank Gilles Moec.

Sem preferência

Draghi disse também que o BCE está preparado para ceder seu status de credor preferencial sobre os títulos que compra --o que significa que será tratado de maneira igual em relação aos credores privados em caso de default.

O banco central espera que, ao remover a preocupação dos investidores privados de que serão pagos por último no caso de um default soberano, eles não vão fugir se o BCE intervir e comprar títulos. O BCE assumiu o status de credor preferencial na reestruturação da dívida da Grécia neste ano.

"Existe um problema se bancos centrais insistirem no status de credor preferencial, porque quanto mais o setor público intervir no mercado de títulos, menos interesse os investidores privados terão", disse uma fonte do banco central à Reuters na quarta-feira.

Em outro potencial movimento para agradar o Bundesbank, Draghi também afirmou que todas as compras de títulos serão "esterilizadas" ao se tomar um volume equivalente em depósitos de bancos para evitar qualquer risco de inflação.

O presidente do BCE afirmou ainda que as compras de títulos estarão ligadas a "condições severas e efetivas" e que serão concentradas em dívida com vencimento de até três anos.

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