Economia

Dívida dos principais setores afetados por covid-19 soma R$ 900 bi, diz BC

Categorias mais prejudicas são as de comércio, serviços, transporte, indústrias de transformação, eletricidade e gás

Crise econômica: BC realizou teste de estresse no sistema bancário para avaliar capacidade de resistir a efeitos como a quebra de companhias e a redução de receitas em diversos setores (Germano Lüders/Exame)

Crise econômica: BC realizou teste de estresse no sistema bancário para avaliar capacidade de resistir a efeitos como a quebra de companhias e a redução de receitas em diversos setores (Germano Lüders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de abril de 2020 às 17h11.

A dívida das empresas dos setores mais afetados pela pandemia do novo coronavírus soma cerca de R$ 900 bilhões. Deste total, R$ 556 bilhões estão dentro do sistema financeiro, informou nesta quarta-feira, 29, o Banco Central (BC).

De acordo com o diretor de Fiscalização do BC, Paulo Souza, os setores mais afetados pela covid-19 são os de comércio, serviços transporte, indústrias de transformação, eletricidade e gás. Também entra nesse grupo um conjunto de empresas reunidas sob a classificação de "demais setores".

Em função dos efeitos da pandemia sobre as empresas, o BC realizou um teste de estresse no sistema bancário, para avaliar sua capacidade de resistir a efeitos como a quebra de companhias e a redução de receitas nos diversos setores.

De acordo com Souza, o teste considerou, no primeiro nível, as empresas mais afetadas diretamente e, no segundo nível, os fornecedores impactados. Foram considerados ainda os impactos da crise sobre os funcionários dessas empresas e o possível contágio entre as instituições que fazem parte do sistema financeiro.

Os resultados do teste de estresse mostraram que um impacto mais severo da pandemia seria de R$ 395 bilhões. Deste total, R$ 207 3 bilhões seriam provenientes das empresas dos setores mais afetados, R$ 48,1 bilhões dos empregados diretos dessas empresas R$ 96,5 bilhões da cadeia de fornecedores, R$ 23,1 bilhões dos empregados dos fornecedores, R$ 8,9 bilhões da reclassificação de risco de empresas afetadas que não entrariam em default e R$ 11,1 bilhões do contágio interfinanceiro.

"Esse choque de provisões e perdas exigiria R$ 70 bilhões de capital regulamentar, equivalente a 7,2% do total do PR (patrimônio de referência) do SFN (Sistema Financeiro Nacional)" registrou Paulo Souza na apresentação feita durante coletiva virtual a respeito do Relatório de Estabilidade Financeira (REF).

Em outubro de 2015, o BC havia realizado um teste de estresse para avaliar os impactos da Operação Lava Jato sobre as empresas envolvidas e, por consequência, sobre o sistema financeiro. Souza lembrou que a metodologia utilizada no teste atual, ligado à covid-19, foi a mesma da época.

No entanto, o impacto atual é bem maior. No estudo de 2015 sobre a Lava Jato, o BC calculou para seu cenário mais adverso uma necessidade de capital para reenquadramento dos bancos de apenas R$ 3,4 bilhões, o que equivalia a 0,4% do sistema.

Embora a crise atual seja mais intensa, Souza ressaltou, durante a coletiva, que haverá recursos para os bancos. "Não vai faltar no sistema financeiro nem liquidez, nem capital para enfrentar a crise."

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