Disputas podem inviabilizar licitação da Petrobras
Três dos concorrentes à construção de até 28 sondas trocaram acusações e estão preparando recurso judicial prévio
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
Rio de Janeiro - Elevados riscos financeiros e uma guerra já declarada entre concorrentes podem inviabilizar a megalicitação que a Petrobras lançou no ano passado para contratação de até 28 sondas a serem construídas no Brasil. A abertura dos envelopes com os valores propostos está prevista para quinta-feira, e cada um dos quatro pacotes em que a licitação está dividida deve girar em torno de US$ 5,5 bilhões.
Entre os grupos que disputam a encomenda, há consórcios preparando antecipadamente recurso judicial. Da parte dos bancos que avalizam o processo, o temor é de que o pacote seja entregue a empresas técnica e financeiramente incapacitadas de cumprir uma encomenda de grande porte. Pelo risco elevado, os juros sobre o financiamento também deverão ser maiores e, na opinião de construtores, essas taxas podem tornar a obra inviável.
São sete os concorrentes qualificados, que iniciaram uma guerra na qual trocam acusações entre si em documentos enviados à Petrobras, aos quais a Agência Estado teve acesso. A maioria dos 40 recursos apresentados pelas empresas trata principalmente da qualificação de três grupos (Andrade Gutierrez, Eisa e o consórcio Alusa/Galvão) para a segunda fase da disputa.
Os três utilizam o design de plataforma feito pela empresa Gusto, braço do grupo holandês SBM, com impropriedades para um projeto de grande porte, segundo avaliações técnicas de auditorias contratadas pelas demais concorrentes. O recurso apresentado pela Odebrecht - que está na disputa em consórcio com a OAS e UTC, visando a construção de um estaleiro na Bahia - possui 120 páginas e se baseou em laudo preparado pela DNV, empresa alemã de auditoria comumente contratada pela Petrobrás para avaliar a estrutura técnica de projetos.
O consórcio liderado pela Odebrecht, o estaleiro Jurong, de Cingapura, e o Estaleiro Atlântico Sul, sediado em Pernambuco, utilizam projetos da empresa LMG, em alternativa ao da Gusto. Já o estaleiro Keppel, também de Cingapura, utiliza o da Gusto, mas fez alterações que foram aprovadas nas auditorias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.