Economia

Dilma sofre derrota em gastos de longo prazo com pensão

A presidente sofreu uma derrota política com a aprovação dos aumentos dos gastos com pensões pela Câmara. O choque será sentido depois de muitos anos


	Dilma Rousseff: a derrota é a prova mais recente do desafio enfrentado pelo governo para ganhar apoio para as medidas de austeridade
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma Rousseff: a derrota é a prova mais recente do desafio enfrentado pelo governo para ganhar apoio para as medidas de austeridade (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2015 às 21h52.

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, sofreu uma derrota política com a aprovação do aumento dos gastos com pensões pela Câmara dos Deputados.

O grande choque fiscal seria sentido só depois de muitos anos.

Os deputados, incluindo membros do próprio partido de Dilma, o PT, aprovaram a emenda na quarta-feira, apesar da oposição da presidente, como parte de um projeto de lei mais amplo que tem por objetivo melhorar as contas fiscais do governo.

A medida aumenta as pensões de quem se aposentar depois que ela entrar em vigor, de forma que o impacto maior viria mais tarde.

Contudo, a derrota é a prova mais recente do desafio enfrentado pelo governo para ganhar apoio para as medidas de austeridade de Dilma.

Ela atualmente tem menos de três semanas para trabalhar com a oposição e com os membros rebeldes de sua própria base aliada para aprovar uma economia de R$ 14,5 bilhões (US$ 4,8 bilhões) no Senado. Os projetos de lei expiram no dia 1º de junho.

“Isso mostra o quanto Dilma terá que negociar cada pequeno detalhe de cada medida no Congresso e mostra que a base aliada não é sólida”, disse André César, analista político independente que trabalhou anteriormente na CAC Consultoria, por telefone. “Isto é, eminentemente, uma derrota política”.

O real teve uma valorização de 1,5 por cento nesta quinta-feira, para R$ 2,9942 por cada dólar americano, maior avanço entre as principais moedas latino-americanas monitoradas pela Bloomberg. O Ibovespa, índice de referência do país, subiu 0,5 por cento.

Veto de Dilma

Dilma vetará a emenda se ela for aprovada pelo Senado, conforme o esperado, escreveram analistas da firma de consultoria política Eurasia Group no dia 14 de maio.

Os parlamentares provavelmente não desafiarão o veto com uma votação durante meses, dando tempo para que o governo trabalhe com os parlamentares em uma alternativa com menos impacto sobre seus gastos, segundo os analistas.

Em discurso em São Paulo, nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que esperaria o Senado avaliar a votação da Câmara antes de anunciar qualquer plano para a emenda.

Horas depois, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, membro do maior partido da base aliada de Dilma, o PMDB, afirmou que os deputados anulariam um possível veto presidencial.

Mesmo se confirmada, a emenda teria pouco impacto sobre o gasto do governo antes da saída prevista de Dilma da presidência, em janeiro de 2019, disse Fábio Klein, analista de finanças públicas da Tendências Consultoria, em São Paulo, por telefone.

A medida aumentaria as pensões para alguns brasileiros que começarem a se aposentar depois que ela entrar em vigor, elevando as despesas federais em R$ 40 bilhões nos próximos 10 anos, segundo José Guimarães, líder do governo na Câmara.

O custo seria maior até o fim da década, disse Klein.

“A curto prazo, o impacto sobre o orçamento é insignificante”, disse ele. “Isso dá ao governo mais tempo para lidar com a situação”.

As políticas fiscais de Dilma foram desenvolvidas para atingir um superávit fiscal neste ano depois que sua administração registrou um déficit antes de pagamentos de juros em 2014.

A presidente promete proteger o grau de investimento do Brasil, que ficou ameaçado quando a Standard Poor’s reduziu seu rating, em 2014, para um nível acima de junk (grau especulativo).

Acompanhe tudo sobre:aplicacoes-financeirasCâmara dos DeputadosDilma RousseffFundos de investimentoFundos de pensãoGovernoPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Economia

Governo avalia mudança na regra de reajuste do salário mínimo em pacote de revisão de gastos

Haddad diz estar pronto para anunciar medidas de corte de gastos e decisão depende de Lula

Pagamento do 13º salário deve injetar R$ 321,4 bi na economia do país este ano, estima Dieese

Haddad se reúne hoje com Lira para discutir pacote de corte de gastos