Economia

Desemprego justifica vigência de política flexível, diz Fed

Ben Bernanke reiterou nesta quinta que o fim do programa de compra de bônus depende da evolução da economia americana

Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, é cercado por jornalistas após apresentação do relatório de política econômica para a Comitê de Serviços Financeiros da Câmara (Pete Marovich/Bloomberg)

Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, é cercado por jornalistas após apresentação do relatório de política econômica para a Comitê de Serviços Financeiros da Câmara (Pete Marovich/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2013 às 23h32.

O presidente do Federal Reserve americano (Fed), Ben Bernanke, reiterou nesta quarta-feira que a situação do emprego nos Estados Unidos justifica a manutenção de uma política monetária flexível e que o fim da compra de bônus depende da evolução da economia.

"Pelo fato de que nossas compras de ativos dependem da evolução da economia, não há um caminho definitivo", declarou Bernanke em sua audiência semestral ante um Comitê do Congresso.

O presidente do Fed afirmou que a instituição tem a "intenção de seguir com as compras de ativos até que haja uma melhora significativa do mercado de trabalho".

Neste sentido, o presidente do Fed disse que se a inflação, cujo máximo tolerado pela instituição é de 2%, se mantiver abaixo deste nível, e o desemprego não cair rapidamente da taxa atual de 7,6%, continuarão ocorrendo as compras de bônus e inclusive a aquisição de ativos pode aumentar.

"Com um desemprego ainda alto e caindo lentamente (...) uma política monetária muito flexível continua sendo apropriada em um futuro próximo", disse.

Em declarações preparadas de antemão, Bernanke afirmou diante dos congressistas que o fim do programa de compra de ativos por 85 bilhões de dólares, conhecido como "quantitative easing (QE)" (flexibilização monetária), não significa que o Fed se disponha a ajustar sua política monetária com aumentos das taxas de juros.


O Fed publicou nesta quarta-feira seu relatório da conjuntura conhecido como Livro Bege, em que destacou que o crescimento econômico nos Estados Unidos continua sendo de "modesto a moderado".

Em relação ao emprego, o Fed disse que as contratações continuam em nível estável, com uma alta moderada na maioria das regiões.

Contudo, a instituição afirmou que há certa "reticência" entre os empregadores a oferecer contratos indefinidos ou a empregar trabalhadores em tempo integral.

O Fed informou que continua havendo uma forte "pressão sobre os salários", apesar de algumas regiões registrarem altas modestas no nível das remunerações.

Contudo, o banco central informou que o gasto com consumo subiu na maioria das regiões, apesar de em Nova York, as vendas no varejo terem caído nos últimos meses.

Bernanke reiterou os pontos do programa de QE que havia detalhado na última reunião do Comitê de política monetária (FOMC, Federal Open Market Committee) em junho: que o Fed começará a reduzir seus investimentos em bônus no fim do ano e encerará totalmente o programa em meados do próximo ano se a economia crescer ao ritmo que os membros do FOMC esperam.


Mas, referindo-se ao aumento do rendimento dos bônus que respondeu a este plano, disse que o fim dos estímulos não significa que o Fed se disponha a aumentar suas atuais taxas.

Os mercados vincularam um fim das compras de bônus ao aumento da taxa de juros, que permanece em um nível próximo a zero desde 2008, além disso os especialistas temem que uma alta das taxas possa prejudicar a demanda no prejudicado setor imobiliário, que se converteu em um motor da recuperação.

No entanto, Bernanke disse que a taxa básica de juros, agora em um nível entre zero e 0,25%, irá permanecer em um mínimo ao menos até que se alcance o objetivo de emprego e enquanto a inflação permanecer abaixo dos 2%.

Além disso, o funcionário afirmou que estes números são categorias e não determinam uma mudança automática.

No entanto, Bernanke se referiu aos cortes nos gastos públicos e estimou que existem "riscos de que uma política orçamentária restritiva afete o crescimento econômico mais do que o previsto durante os próximos trimestres".

Para o presidente do Fed, a economia resistiu bem a estes cortes de gastos impostos pelo Congresso para reduzir o déficit.

Até agora, o Comitê de Orçamento do Congresso estimava que estes cortes do orçamento rebaixariam em 1,5 ponto o crescimento do PIB.

A bolsa de Nova York foi estimulada pelas declarações de Bernanke e fechou com leve alta: o Dow Jones subiu 0,12% e o Nasdaq, 0,32%.

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