Desaceleração global leva ao ritmo mais fraco de crescimento desde 2008
Vendas de carros na China, receitas do varejo nos EUA e indicadores de sentimento na Europa são alguns dos sinais de alerta
João Pedro Caleiro
Publicado em 24 de fevereiro de 2019 às 08h00.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2019 às 08h01.
A perda de impulso da economia global está gerando a expansão mais fraca desde a crise financeira global, resultado que já provocou mudanças drásticas entre os bancos centrais.
Um modelo do UBS sugere que o crescimento mundial desacelerou para um ritmo anualizado de 2,1 por cento no fim de 2018, o que, segundo ele, seria o nível mais fraco desde 2008-2009.
Uma leitura inicial para este trimestre mostra uma pequena melhora, mas os números ainda apontam que será necessária uma melhora drástica para alcançar o ritmo de 3,2 por cento que o UBS previu para os três meses como um todo.
Infelizmente não há muito sinal disso. As vendas de carros na China caíram em janeiro, e dados divulgados na semana passada mostraram que as receitas do varejo nos EUA tiveram a pior queda em nove anos em dezembro.
Na Europa, onde a desaceleração foi particularmente acentuada, os indicadores de sentimento continuam perdendo força, e a leitura mais recente do principal indicador da OCDE também caiu.
François Villeroy de Galhau, membro do conselho do Banco Central Europeu, disse em entrevista publicada no fim de semana que a desaceleração na zona do euro é “significativa”.
O BCE publicará na quinta-feira as atas da reunião de janeiro, na qual mudou a linguagem e afirmou que os riscos para as perspectivas têm tendência negativa.
Esse relatório foi divulgado um dia depois de o Federal Reserve, o banco central dos EUA, publicar as atas de sua última reunião sobre política monetária, na qual interrompeu o ciclo de aumento das taxas de juros.
A zona do euro parece agora ser o elo fraco do crescimento global, mas a boa notícia é que podemos estar no limiar e logo superar o pior, já que alguns fatores idiossincráticos começam a desaparecer, segundo o UBS.
A visão é semelhante à dos economistas da Bloomberg Economics, que afirmam que existem “evidências incipientes de estabilização da confiança”.
“Há sinais preliminares de que alguns dados industriais estão começando a subir”, disse Janet Henry, economista-chefe global do HSBC, em nota divulgada nesta segunda-feira sobre a desaceleração da produção industrial global. “Ainda pode ser um falso amanhecer, contudo, já que dados de pesquisas ainda apontam para mais fraqueza.”