Exame Logo

Dengue fica perto de 500 mil casos e SP repensa planos

O ano de 2015 também teve recorde de mortos pela doença: 360, de acordo com o Ministério da Saúde

Mosquito da dengue: quase meio milhão de paulistas foram infectados pela doença neste ano (Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2015 às 09h52.

São Paulo - Embora o pior período já tenha passado, os números atualizados da epidemia de dengue em São Paulo ainda assustam.

Quase meio milhão de paulistas foram infectados pela doença neste ano, segundo boletim mais recente do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde, que considera os dados até o dia 17 de julho.

É mais do que o dobro do recorde anterior, de 2013, quando 201 mil pessoas pegaram a doença no Estado. O ano de 2015 também teve recorde de mortos pela doença: 360, de acordo com o Ministério da Saúde.

Diante do quadro e das críticas recebidas pela demora em agir frente à epidemia neste ano, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) deverá realizar neste mês uma reunião com todos os prefeitos e secretários municipais de saúde dos 645 municípios paulistas para alertá-los sobre o trabalho que deverá ser feito desde agora para evitar que ocorra uma nova epidemia severa no próximo verão.

Neste ano, 450 cidades paulistas tiveram taxa de incidência epidêmica da doença, quando há mais de 300 casos por 100 mil habitantes, o que indica que 70% do Estado viveu ou ainda vive um surto da doença. O índice corresponde ao triplo do número de cidades que tiveram epidemia no ano passado: 142.

"Estamos antecipando o trabalho de controle de vetores, fazendo o levantamento do índice de infestação de larvas do mosquito nos municípios, até para definir as estratégias de combate. Esperamos que esse levantamento já esteja pronto quando o governador se reunir com os gestores dos municípios", afirma Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças da Secretaria da Saúde.

A pasta vai montar um grupo executivo com representantes do governo do Estado, de alguns municípios e do conselho de secretários municipais de saúde para discutir e monitorar as ações de combate à dengue. "Vamos ainda treinar médicos e outros profissionais de saúde no atendimento ao doente", relata Boulos.

Ele afirma que ainda não é possível saber se o quadro de dengue no ano que vem será melhor ou pior do que neste ano. "Nas cidades menores que tiveram epidemia, grande parte da população pegou dengue, está imune e, por isso, o quadro deverá ser mais brando no ano que vem. Já em grandes cidades, como São Paulo, Guarulhos, por mais que tenha havido epidemia, o número de pessoas suscetíveis ainda é grande", afirma.

Campeãs

Em 2015, as cidades do noroeste paulista foram as mais afetadas pela epidemia. A líder em incidência da doença foi Estrela D' Oeste, com 1.361 pessoas infectadas e taxa de 16.683 casos por 100 mil habitantes. Em seguida no ranking de municípios mais afetados estão Onda Verde, Cândido Mota, Nova Canaã Paulista e Guaimbê, todos no interior.

Na capital paulista, o número de casos nos cinco primeiros meses deste ano chegou a 87.470, o triplo do registrado em todo o ano passado, quando 29 mil pessoas foram contaminadas. Na zona norte, área da cidade mais afetada, é difícil encontrar um bairro sem relatos de quem pegou a doença.

"Primeiramente, fui eu que comecei com febre alta, dores. Um mês depois, quando já estava recuperado, foi a vez do meu filho. Na minha rua um monte de gente pegou, teve até dois casos de dengue hemorrágica", conta o operador de trânsito Sidnei Pereira da Silva, de 52 anos, morador da Brasilândia.

Silva diz acreditar que a crise hídrica tenha sido a principal responsável pela grande epidemia deste ano. "No meu bairro, era difícil encontrar uma pessoa que não estivesse armazenando água da chuva ou da máquina de lavar. Eu cheguei a ver gente que comprou caixa d'água e a deixava destampada", conta ele.

Epidemia nacional

Em todo o Brasil, o número de pessoas infectadas neste ano chegou a 1,3 milhão, o segundo maior índice da história, perdendo apenas para 2013, quando 1,4 milhão de brasileiros tiveram a doença, segundo dados do mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que reúne registros até 18 de julho. No período, 600 pessoas morreram por complicações da doença.

São Paulo é o Estado com a segunda maior taxa de incidência de dengue no País, com 1.406 casos por 100 mil habitantes, perdendo apenas para Goiás, que tem índice acumulado de 1.831. O pico da doença ocorreu em abril, e o número de casos foi caindo assim que as temperaturas diminuíram.

Enquanto a taxa de incidência naquele mês foi de 195,3 casos por 100 mil habitantes, em junho o índice caiu para 35,8. Alguns Estados com clima mais quente, no entanto, mantiveram em junho taxas de incidência superiores a 100. É o caso de Tocantins, Ceará e Goiás. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

São Paulo - A cidade de São Paulo registrou 20.764 casos de dengue , segundo último balanço divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde. O número é 190% maior na comparação com o mesmo período do ano passado e leva em consideração casos da doença até 11 abril.  A cidade não enfrenta  uma epidemia da doença, uma vez que é considerado surto quando 300 casos são registrados para cada 100 mil habitantes, segundo Ministério da Saúde . Na capital, de acordo com último balanço, a incidência ainda é de 187,7 casos para 100 mil pessoas. “Eu só falo em epidemia quando eu pego uma base territorial inteira na qual eu estou trabalhando. Eu só vou falar em epidemia quando o município de São Paulo [por inteiro] atingir um determinado valor", afirmou Paulo Puccini, secretário-adjunto de saúde, em nota.  Alguns bairros, no entanto, apresentam números elevados de dengue e, segundo a Secretaria Municipal da Saúde já enfrentam nível epidêmico do problema. Ainda de acordo com dados do último balanço, cinco mortes já foram confirmadas por dengue na cidade.  A Zona Norte de São Paulo concentra o maior número de casos da doença, de todos os já registrados, 38,5% estão na região. Por lá, a prefeitura tem contado com o apoio de 50 soldados de exército para combater focos de criadouros dos mosquitos.  Veja, nas imagens, oito bairros de São Paulo com as maiores incidências da doença, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.  Os números de casos de 2014 são referentes ao ano todo. Já os números de 2015 são referentes às 14 primeiras semanas do ano.
  • 2. Brasilândia - 2.384 casos

    2 /13(Avelino Regicida /Flickr /Creative Commons)

  • Veja também

    Casos: 2.384
    Índice para cada 100 mil habitantes: 899,9
    Casos em 2014: 1074
    Índice para cada 100 mil habitantes: 405,4
  • 3. Cidade Ademar - 1.329 casos

    3 /13(Reprodução Google Maps)

  • Casos: 1.329
    Índice para cada 100 mil habitantes: 498,3
    Casos em 2014: 367
    Índice para cada 100 mil habitantes: 137,6
  • 4. Jaraguá - 1.029 casos

    4 /13(.)

    Casos: 1029
    Índice para cada 100 mil habitantes: 556,8
    Casos em 2014: 831
    Índice para cada 100 mil habitantes: 449,6
  • 5. Pirituba - 969 casos

    5 /13(Wikimedia Commons/Leonardo Ré Jorge)

    Casos: 969
    Índice para cada 100 mil habitantes: 577
    Casos em 2014: 1.171
    Índice para cada 100 mil habitantes: 697,3
  • 6. Cachoeirinha - 581 casos

    6 /13(Divulgação/Prefeitura de SP)

    Casos: 581
    Índice para cada 100 mil habitantes: 404,8
    Casos em 2014: 412
    Índice para cada 100 mil habitantes: 287,1
  • 7. Raposo Tavares - 511 casos

    7 /13(Wikimedia Commons)

    Casos: 511
    Índice para cada 100 mil habitantes: 527,8
    Casos em 2014: 869
    Índice para cada 100 mil habitantes: 897,6
  • 8. Freguesia do Ó - 477 casos

    8 /13(Divulgação/Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó)

    Casos: 447
    Índice para cada 100 mil habitantes: 314,1
    Casos em 2014: 497
    Índice para cada 100 mil habitantes: 349,2
  • 9. Perus - 427 casos

    9 /13(Humberto Do Lago Müller/Wikimedia Commons)

    Casos: 427
    Índice para cada 100 mil habitantes: 532,5
    Casos em 2014:380
    Índice para cada 100 mil habitantes: 473,9
  • 10. Limão - 373 casos

    10 /13(Wikimedia Commons/Jurema Oliveira)

    Casos: 373
    Índice para cada 100 mil habitantes: 464,9
    Casos em 2014: 206
    Índice para cada 100 mil habitantes: 256,8
  • 11. Casa Verde - 260 casos

    11 /13(Leonardo Ré-Jorge/Wikimedia Commons)

    Casos: 260
    Índice para cada 100 mil habitantes: 303,7
    Casos em 2014: 196
    Índice para cada 100 mil habitantes: 228,9
  • 12. Parque do Carmo - 227 casos

    12 /13(Wikimedia Commons/ Raphael Igor)

    Casos: 227
    Índice para cada 100 mil habitantes: 332,6
    Casos em 2014: 52
    Índice para cada 100 mil habitantes: 76,2
  • 13. Onde a violência é endêmica em São Paulo

    13 /13(Thinkstock)

  • Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasDengueDoençasMetrópoles globaissao-pauloSaúde

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Economia

    Mais na Exame