Economia

Delfim defende BC e diz que tripé está mantido

Ex-ministro da Fazenda afirmou que o Banco Central tomará "qualquer medida que estiver ao seu alcance" para manter a alta dos preços dentro da previsão


	De acordo com Delfim Netto, ao temer descontrole da inflação o mercado age "como se o BC estivesse morto
 (ARQUIVO/WIKIMEDIA COMMONS)

De acordo com Delfim Netto, ao temer descontrole da inflação o mercado age "como se o BC estivesse morto (ARQUIVO/WIKIMEDIA COMMONS)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2012 às 07h49.

São Paulo - O ex-ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, afirmou nesta quinta-feira (25) que o Banco Central está atento ao comportamento da inflação e que tomará "qualquer medida que estiver ao seu alcance" para manter a alta dos preços dentro da banda prevista no regime de metas.

Segundo ele, as medidas para isso podem incluir redução do patamar mínimo do câmbio abaixo dos R$ 2 e aumento da taxa básica de juros (Selic). "Não há restrição para o Banco Central", afirmou o economista, durante o seminário Desoneração e os Novos Modelos de Investimento, na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo.

De acordo com Delfim Netto, ao temer descontrole da inflação o mercado age "como se o BC estivesse morto". "O Banco Central está vivo, mas os grandes analistas acham o contrário", disse, em entrevista coletiva após o evento. "Eu tenho mais confiança no BC do que nos analistas que o criticam".

Ele reiterou que o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, mostrou ter mais conhecimento da realidade global que os economistas do mercado na época em que o BC iniciou a trajetória mais firme na queda da taxa Selic.

O ex-ministro disse, no entanto, que apesar de o BC poder utilizar todas as opções a seu alcance para proteger a economia de uma inflação mais alta, ele acredita que as primeiras medidas a serem tomadas, caso necessário, serão as macroprudenciais.


"Acho que começaria pelas medidas macroprudenciais, mas se quiser também pode aumentar juros ou mexer no câmbio". As medidas macroprudenciais reduzem a oferta de crédito por meio de alteração nos prazos de financiamento ou ao enxugar os recursos via recolhimento maior de compulsório.

Tripé

Delfim Netto disse ainda que o tripé econômico (câmbio flutuante, meta de inflação e superávit primário) continua valendo, mas destacou que todos os países utilizam uma taxa de câmbio "suja". "Temos flutuação suja do câmbio, mas todos fazem a mesma coisa", disse. Segundo o ex-ministro, "é um grande ridículo" falar que o Brasil controla seu câmbio, pois "o câmbio flexível nunca existiu, isso é ideia de economista".

Ele afirmou também que a política fiscal do Brasil é um exemplo internacional e que o esforço de economia para pagamento de juros da dívida não precisa ser tão rigoroso. Ele lembrou que a dívida líquida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) está em torno de 35% e em trajetória de queda. "Por isso a gente não precisa dessa taxa de superávit primário", afirmou.

Sobre a inflação, Delfim Netto afirmou que o problema está em itens do grupo alimentação. De acordo com ele, se os preços dos alimentos fossem retirados da inflação, a taxa observada ficaria próxima à meta de 4,5%. "O que existe é um choque de oferta, assim como aconteceu com o tomate. Criou-se a inflação do tomate e 90 dias depois ela desapareceu". De acordo com ele, é uma grande ilusão acreditar que o mercado pode prever a taxa de inflação para daqui um ano. "Previsão de inflação pode até ser válida para três meses, mas mais que isso é impossível", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Acompanhe tudo sobre:Delfim Nettoeconomia-brasileiraEconomistasPolítica cambial

Mais de Economia

Plano Real, 30 anos: Jorge Gerdau e o 'divisor de águas' no desenvolvimento do país

Após enchentes, atividade econômica no RS recua 9% em maio, estima Banco Central

Lula se reúne hoje com equipe econômica para discutir bloqueios no Orçamento deste ano

CCJ do Senado adia votação da PEC da autonomia financeira do BC

Mais na Exame