Pressão sobre o Copom aumenta após deflação do IPCA-15 (.)
Da Redação
Publicado em 20 de julho de 2010 às 12h53.
São Paulo - A deflação de 0,09% em julho apurada pelo IPCA-15 fortalece os argumentos dos analistas que defendem uma alta menor dos juros básicos na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) nesta semana. Nos dois últimos encontros, os diretores optaram pela elevação de 0,75 ponto percentual na Selic e, naquele monento, era dado como certo pelo mercado mais um amento dessa magnitude em julho.
Havia consenso de que a economia brasileira avançava num ritmo chinês, ou seja, muito acima da capacidade das indústrias de atender a demanda dos consumidores. As importações cresciam - e continuam crescendo - para suprir essa carência. As expectativas em torno do IPCA fugiam cada vez mais do centro da meta (de 4,5%) e as projeções para o IGP-M em 2010 beiravam os 10% ao ano.
Porém, dados recentes da indústria, do varejo, de inflação e até do Banco Central indicaram uma desaceleração da atividade econômica, o que tornaria desnecessário um aperto monetário muito forte. A partir daí, os especialistas passaram a divergir sobre o futuro dos juros, embora a maioria ainda apostasse numa alta de 0,75 ponto percentual nesta quarta-feira (21).
Eis que, no dia em que começa a reunião do Copom, surgem a deflação do IPCA-15 e a segunda prévia do IGP-M de julho, que ficou próxima de zero. São ingredientes que apimentam ainda mais a discussão sobre a política de juros e aumentam a pressão sobre o Copom. Ainda é o caso de se repetir a dose das duas últimas reuniões? E o aperto até o fim do ano, precisa mesmo chegar a 12%? Seria mais adequado o BC fazer todo o serviço nas reuniões de julho e setembro para evitar polêmica na reunião de outubro, em pleno segundo turno das eleições?
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já transmitiu o seu recado ao presidente Lula. Os empresários, como de costume, clamam pelo fim do aperto. Os analistas do mercado financeiro esperam que o comunicado a ser divulgado após a decisão do Copom e a ata, que sai na semana que vem, esclareçam tais dúvidas. É possível - há quem considere provável - que não haja consenso nem entre os diretores do Copom.