Economia

Decisão do STF pode onerar cidadão, diz governo

O contribuinte terá de arcar com as perdas que os bancos terão com a possível decisão favorável aos poupadores no julgamento dos planos econômicos


	Plenário do STF: a criação de um novo tributo está sendo considerada
 (José Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Plenário do STF: a criação de um novo tributo está sendo considerada (José Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2013 às 07h00.

Brasília - O contribuinte terá de arcar com as perdas que os bancos terão com a possível decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em favor dos poupadores no julgamento dos planos econômicos, segundo representantes do governo.

Na quinta-feira, 28, da tribuna do Supremo, esses representantes disseram que o dinheiro público poderá ser usado para pagar a conta, especialmente em razão do impacto sobre o balanço da Caixa. O julgamento foi interrompido ontem e a decisão final ficou para 2014.

O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, disse que o governo e, por consequência, os contribuintes, serão chamados para garantir a saúde do sistema financeiro e a estabilidade da moeda. "Confirmada essa decisão, a União terá de agir para garantir a estabilidade do sistema", afirmou.

O ministro não explicou se isso significaria a criação de novo tributo e lembrou que, em 2000, depois de o STF garantir aos trabalhadores a correção dos valores depositados a título de FGTS, o governo teve de buscar uma compensação.

"Não digo que vai fazer, mas, no caso do FGTS, o governo teve de fazer uma política específica para equilibrar o fundo", comparou.

Na ocasião, o governo criou por medida provisória a multa de 10%, que é paga pelas empresas à União no momento da demissão sem justa causa.


Tragédia

O procurador-geral do Banco Central, Isaac Menezes Ferreira, disse que a vitória dos poupadores acarretaria o que classificou como "tragédia dos comuns". "Agindo em detrimento do todo, com vistas a ganhos imediatos, alguns podem acabar por destruir o bem comum do qual todos dependem: a estabilidade da moeda."

A Caixa seria a principal prejudicada por uma decisão em favor dos poupadores. Do impacto de R$ 149,9 bilhões calculados pelo governo, R$ 49 bilhões causariam estrago na conta do banco público.

O diretor jurídico da Caixa, Jailton Zanon Silveira, salientou que a instituição não teria como suportar esse valor e também engrossou o coro de que o prejuízo teria de ser dividido com a população.

Advogados que representam os poupadores tentaram rebater o argumento do governo, alegando ser exagerada a alegação de que uma decisão em prol dos correntistas significará o colapso do sistema financeiro.

Representante do Instituto Brasileiro de Direito do Consumidor (Idec), o advogado Walter José Faiad de Moura comparou a conta do governo a uma "granada oca", que assusta, mas nunca explode. E afirmou que não está em julgamento o impacto financeiro da decisão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Governo DilmaImpostosLeãoSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Economia

Brasil é 'referência mundial' em regulação financeira, diz organizador de evento paralelo do G20

Governo teme “efeito cascata” no funcionalismo se Congresso aprovar PEC do BC

Banco Central estabelece regras para reuniões com agentes do mercado financeiro

Produção industrial sobe 4,1% em junho, maior alta desde julho de 2020

Mais na Exame