Economia

Debate sobre controle disperso deve crescer na CVM, diz diretora

Informação sobre a discussão é da nova diretora da autarquia, Ana Novaes

Decisão sobre gestão das empresas: segundo ela, em casos de empresas com controle definido, na ocorrência de algum problema, os responsáveis são estes controladores (Getty Images)

Decisão sobre gestão das empresas: segundo ela, em casos de empresas com controle definido, na ocorrência de algum problema, os responsáveis são estes controladores (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2012 às 14h45.

Rio de Janeiro - Questões relacionadas à governança corporativa nas empresas de capital disperso em casos de fusões e aquisições devem aumentar na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nos próximos anos, de acordo com a nova diretora da autarquia, Ana Novaes.

Antes de sua posse nesta quinta-feira, ela disse a jornalistas que este debate ficará mais aquecido e que os conflitos entre acionistas e os conselhos de administração destas empresas devem aumentar.

Segundo ela, em casos de empresas com controle definido, na ocorrência de algum problema, os responsáveis são estes controladores.

"Quando houver algum problema em empresas com controle disperso, você vai apontar o dedo para quem?", questionou, defendendo que os comitês de auditoria deveriam ser obrigatórios para companhias com este perfil.

Na cerimônia de posse, a diretora também mencionou que, apesar da crise no exterior, o Brasil continua a viver um bom momento econômico, com a taxa de juros em seus patamares mais baixos, além de uma estabilidade econômica que perdura há 20 anos.

"A gente está com as condições necessárias para que o mercado de capitais deslanche ainda mais. Temos ainda muitos problemas estruturais para resolver, mas as bases estão aí", afirmou.

Ana tem experiência no mercado como conselheira de empresas, assim como Leonardo Pereira, ex-diretor financeiro da Gol, que foi apontado pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega, como sucessor de Maria Helena Santana para o principal cargo da autarquia.

"A gente vai trazer de fora nossa experiência e tentar ajudar a CVM para que a regulação seja ágil e que não seja sufocante para as companhias", disse ela, ressaltando que sua experiência e a de Pereira não devem trazer mudanças radicais para a autarquia.

Para o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, a indicação dos dois executivos mostra a continuidade de fortalecimento dos mercado de capitais pela CVM, depois de três gestões que trabalharam fortemente no arcabouço regulatório brasileiro, como por exemplo no segmento de derivativos e fundos de investimentos.

"Com essas duas indicações, ela (CVM) reafirma o que vem trabalhando há alguns anos, de dar uma musculatura diferenciada para o mercado de capitais brasileiro", disse o executivo, que veio ao Rio de Janeiro para a posse da diretora.


Currículo

Ana Novaes é doutora em Economia pela Universidade da Califórnia e advogada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Também foi sócia da Oitis Consultoria, que atua na área de governança corporativa, além de já ter ocupado posições nos colegiados da CCR, da Metalfrio e da CPFL Energia.

A executiva ocupa a vaga de Alexsandro Broedel, que deixou o posto em dezembro de 2011 por motivos pessoais. Ele havia assumido o cargo em janeiro de 2010 e, assim, o mandato da nova diretora vai até dezembro de 2014.

Após a posse de Ana Novaes, a diretoria da autarquia está novamente completa. Em maio, Roberto Tadeu Antunes Fernandes assumiu um assento no colegiado após o fim do mandato de Eli Loria. O quadro é formado, ainda, por Luciana Dias e Otavio Yazbek.

A expectativa agora gira em torno da presidência da CVM. Após a indicação de Pereira em julho, ele ainda terá que passar por sabatina pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e ser aprovado pela Casa antes de ser empossado para um mandato de cinco anos.

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