Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, vai propor que o BC tenha de traçar metas e prestar contas da utilização das reservas e swaps, assim como faz com a inflação. (Bruno Domingos/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2016 às 09h44.
Brasília - A despeito da tensão política em torno da provável mudança de governo ainda nesta semana, a equipe econômica atual mantém a determinação de desengavetar projetos pensados para destravar a economia.
O Ministério da Fazenda tem pronta lista de 14 medidas. A novidade entre elas é a proposta de o Conselho Monetário Nacional (CMN) passar a aprovar anualmente um plano para administração das reservas internacionais e swaps cambiais.
Nos moldes do plano anual de financiamento (PAF) da dívida pública elaborado pelo Tesouro Nacional, o projeto visa a estabelecer um planejamento estratégico com indicadores de volume das reservas e swaps, mas sem amarrar a atuação do BC no mercado cambial.
Seria basicamente o estabelecimento de limites, semelhante ao que é feito na fixação da meta inflacionária, por exemplo. Essa medida não precisa ser submetida ao Congresso.
Toda a agenda proposta pela equipe atual terá de passar pelo crivo do grupo de Temer, se aprovado esta semana o processo de impeachment da presidente Dilma.
Na reunião de domingo no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, Henrique Meirelles, que responderá pelo Ministério da Fazenda de Temer, fez uma longa explanação das medidas já apresentadas por Nelson Barbosa - principalmente o pacote tributário enviado ao Congresso na semana passada, pontuando o que pode vir a ser modificado.
As medidas que a equipe de Barbosa corre para tirar do papel esta semana integram uma sequência que começou a ser anunciada depois que o governo acertou o passivo com as pedaladas fiscais.
Depois disso, foram enviadas ao Congresso a mudança da meta fiscal deste ano e a reforma fiscal, ainda em tramitação.
Entre as medidas a serem divulgadas estão também o projeto de securitização dos Refis (os programas de parcelamento de débitos tributários), um decreto de simplificação da regras de emissão de debêntures de infraestrutura, medidas aduaneiras e mudanças nas regras que determinam a exigência de capital dos bancos frente aos empréstimos, além de redução dos compulsórios.
As últimas duas medidas visam a facilitar a reestruturação da dívida das empresas pelos bancos.
A avaliação hoje da equipe econômica é de que o governo tem um sistema bom de prestação de contas da atuação das reservas e dos swaps, mas não traça uma estratégia para a frente.
Um integrante da equipe econômica explicou que a mudança cria um arcabouço institucional, mas o BC continuará com flexibilidade.
Se os indicadores previstos não forem alcançados, o BC terá de explicar os motivos, como já faz hoje no regime de metas de inflação. "É uma mudança que não amarra a mão do BC", disse um dos idealizadores da proposta.
A vantagem observada pelo governo é de que o plano dará mais previsibilidade em relação ao volume das reservas. E definirá um indicador para a parcela de swaps em relação às reservas internacionais.
Com a proposta, o governo quer fazer um planejamento do nível de reservas de acordo com custo e benefício, trazendo para dentro do governo de forma clara o debate sobre o volume de reservas considerado ideal.
A ideia é que o BC apresente uma proposta ao CMN para os 12 meses à frente. Uma das críticas é que o CMN hoje decide, por exemplo, qual o preço mínimo da pupunha, mas não trata do nível ótimo de reservas.
Por causa do processo de impeachment, a estratégia de anúncio das medidas foi atrasada, mas a avaliação é de que algumas delas podem ser anunciadas em breve. Há uma percepção também de que as propostas acabarão sendo tomadas mais cedo ou mais tarde.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.