Economia

De Bolly a Nollywood: as 4 megaindústrias de cinema do mundo

Todo mundo só ouve falar em Hollywood, mas milhões de pessoas na Nigéria, China e Índia também produzem centenas de filmes por ano

EXAME.com (EXAME.com)

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João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 6 de junho de 2014 às 10h42.

São Paulo - Você já viu um filme nigeriano?

Pois eles existem - e aos montes. Ainda que a indústria de cinema americana reine absoluta em receita e poder, ela produz a metade da quantidade de filmes de alguns outros países.

São centenas de produções que geram bilhões de dólares e sustentam um exército de atores, produtores, roteiristas e técnicos.

Na China, o estado controla os filmes com mão firme, já que eles são vistos como uma forma de manter a coesão social.

Na Nigéria, o setor (que é mais de "vídeo" do que de "cinema") cresceu espontaneamente e só agora é apoiado pelo governo.

Veja as quatro "woods" mais importantes do mundo:

1) Hollywood

(David Livingston/ Getty Images)

Geograficamente, Hollywood é uma parte da cidade de Los Angeles, mas para espectadores no mundo todo, este é o principal símbolo da indústria cultural americana desde 1910.

O cinema escolheu a Califórnia pelo tempo bom e previsível e pelos amplos espaços e baixos salários (na época, pelo menos).

Eles também queriam distância de Thomas Edison, que controlava da costa leste as patentes de câmeras e outros equipamentos utilizados.

O diferencial de Hollywood está em seus astros e estrelas, no poder de suas marcas e no alto nível de suas produções.

Um filme de estúdio americano já custa mais de US$ 100 milhões em média para produzir e divulgar - alguns, como "O Espetacular Homem-Aranha 2", ultrapassam US$ 250 milhões.

No balanço geral, os Estados Unidos produzem entre 600 e 700 filmes por ano que movimentam US$ 120 bilhões e geram mais de 200 mil empregos diretos - mais da metade na Califórnia.

2) Bollywood

(Ram Gopal Varma/Wikimedia Commons)

Bollywood se tornou sinônimo de "cinema indiano", mas na verdade o termo se refere às produções em língua hindi na região de Mumbai.

A Índia tem uma longa tradição em cinema e ostenta hoje a indústria do ramo mais produtiva do mundo: são cerca de 1.200 filmes por ano que geram uma receita de mais de US$ 3,5 bilhões.

Os filmes indianos são uma rica experiência sensorial e tem até hoje um forte papel na construção da identidade nacional.

Muitos são musicais com coreografias elaboradas e dublados por cantores profissionais. 

Nos últimos anos, Bollywood tem atraído a atenção do mundo: 5 dos 10 filmes indianos com maior bilheteria local em 2013 tinham estúdios estrangeiros por trás e muitos já estream nos EUA.

3) Nollywood

(Divulgação/NigeriaFilmNetwork)

         A recém-coroada maior economia do continente africano tem uma mega indústria de filmes que explodiu no final dos anos 90 e produz hoje cerca de mil filmes por ano.

O setor gera entre US$ 500 e US$ 800 milhões de receita por ano e emprega 1 milhão de pessoas (nesse sentido, só perde para a agricultura e o governo).

Apesar de algumas produções recentes mais ambiciosas, a imensa maioria dos filmes nigerianos ainda é feita em poucas semanas com baixo orçamento e pouco cuidado técnico ou artístico.

Os enredos refletem a vida cotidiana e questões sociais dos nigerianos, frequentemente com um viés moral. Como a Nigéria quase não tem salas de cinema, os filmes são distribuídos em DVDs ou VCDS e também fazem sucesso em outros países do continente.

4) Chinawood

(Guang Niu/Getty Images)

           A China produz mais de 400 filmes por ano e público é o que não falta: o país tem o segundo maior mercado de cinema do mundo, com US$ 3,6 bilhões (4 vezes maior que o brasileiro).

Não é por acaso que os estúdios americanos fazem de tudo para conquistar os chineses, mesmo que eles só permitam a exibição de 34 filmes estrangeiros por ano e só liberem 25% da receita de bilheteria (contra uma média internacional de 40%).

China até tem produtores independentes, mas todos os aspectos da indústria são controlados de perto pelo governo, da produção à exibição, do financiamento ao conteúdo.

O recente "Um Toque de Pecado", por exemplo, foi celebrado pela crítica mundial e venceu o prêmio de roteiro no Festival de Cannes, mas ainda não foi liberado para exibição no país por causa de sua abordagem da violência.

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