Economia

Dados do varejo: vendas batem recorde em fevereiro, mostra IBGE

Resultado supera em 0,5 ponto percentual o nível recorde anterior, visto em outubro de 2020

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 11 de abril de 2024 às 11h50.

Última atualização em 11 de abril de 2024 às 12h44.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na manhã desta quinta-feira, 11, a Pesquisa Mensal do Comércio. O resultado mostrou um recorde na série história, iniciada em janeiro de 2000: alta de 1% no volume vendido em fevereiro ante janeiro com ajuste sazonal. O resultado supera em 0,5 ponto percentual o nível recorde anterior, visto em outubro de 2020.

Em comparação com fevereiro de 2023, o crescimento sem ajuste sazonal foi de 8,2%. O resultado também oficializa a segunda alta consecutiva do setor, já que janeiro o crescimento foi de 2,8%. A última vez que o varejo registrou dois meses consecutivos de alta foi em setembro de 2022.

O varejo ampliado, por sua vez, que inclui atividades de material de construção, veículos e atacado alimentício cresceu 1,2% em fevereiro ante janeiro com ajuste sazonal, um nível 0,8 ponto percentual acima do maior patamar registrado em agosto de 2012.

O número (1,2%) veio acima da projeção do Itaú de 0,4% e da mediana das expectativas de mercado de -0,8%. O volume de vendas (1%) também superou as estimativas do banco de queda de 0,5% e a mediana das expectativas de mercado de queda de 1,5%.

Na visão do Itaú, os dados de fevereiro corroboram a visão da casa de que o número mais forte de janeiro não era payback ou alguma distorção sazonal. "Acreditamos que os precatórios (disponibilizados para os consumidores no início do ano) e o aumento do salário-mínimo estão impactando positivamente as vendas no varejo (efeito apenas parcialmente capturado pelo nosso IDAT-Atividade)."

Com isso, o Itaú espera que o primeiro semestre de 2024 será mais forte do que previamente projetava, gerando um viés positivo para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 (atualmente em +2%).

Leia mais: IPCA de março desacelera e sobe 0,16%; inflação acumulada de 12 meses fica em 3,93%

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, também avalia que os dados validam a tese de que neste ano as pessoas irão reequilibrar seu consumo, recordando os primeiros dois anos da pandemia, quando houve um consumo elevado de bens e muitas compras online.

Isso porque, em 2022 e 2023, com a reabertura da economia, as pessoas se voltaram mais para os serviços, desequilibrando a situação e causando dificuldades significativas para o varejo nos últimos dois anos.

"A tendência aponta para um retorno ao equilíbrio neste ano, o que consequentemente resultará em um varejo um pouco mais forte e serviços um pouco mais fracos do que no ano passado. Estimamos um crescimento de aproximadamente 3% para o varejo este ano, o que sabemos estar consideravelmente acima das projeções de crescimento do mercado para o setor varejista", diz o economista.

Entretanto, o especialista aponta que o segmento só deve ganhar mais impulso no segundo semestre, com vestuário (segmento forte do varejo) mostrando mais força, visto que atualmente o foco está mais concentrado em supermercados, produtos farmacêuticos e equipamentos de escritório.

Setores

Dos 10 setores, considerando o varejo ampliado, 7 avançaram e 3 contraíram na margem. O destaque positivo no mês foi 'Veículos e autopeças' (+3,9% no mês), enquanto o destaque negativo foi 'Combustíveis, lubrificantes' (-2,7% no mês). Com o dado de hoje, o carrego estatístico das vendas no varejo para o 1T24 ficou em 2,5% (índice restrito) e 3,0% (índice ampliado).

"Comparado à nossa projeção, as maiores surpresas foram em 'Outros artigos de uso pessoal, doméstico*' (9,6% vs. expectativa de -1,8% na comparação interanual) e 'Hiper, supermercados' (9,6% vs. expectativa de 7,7% na mesma métrica)", aponta o Itaú.

Resultados de janeiro revisados

O IBGE também revisou as vendas no varejo em janeiro de 2024.

O número foi corrigido de um aumento de 2,5% para 2,8%, na comparação com dezembro de 2023.

No varejo ampliado, a taxa de janeiro ante dezembro foi revista de uma alta de 2,4% para aumento de 2,8%.

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