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Dados do ONS mostram problema na oferta de energia

Equipamentos entraram em pane e passaram a comprometer o abastecimento nacional

Poste de energia: as limitações de geração estão no acompanhamento diário feito pelo ONS (NORRIE3699/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2015 às 10h59.

Brasília - O ministro de Minas e Energia , Eduardo Braga, tem justificado que falhas técnicas causaram o apagão da última segunda-feira, 19, e reafirmado que há sobras de energia no País. Mas os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico ( ONS ) são claros quanto à origem do blecaute que deixou dez Estados e o Distrito Federal sem luz: não havia energia disponível para atender ao pico de demanda.

Em decorrência dessa limitação de geração, equipamentos entraram em pane e passaram a comprometer o abastecimento nacional.

As limitações de geração estão no acompanhamento diário feito pelo ONS. Para garantir o abastecimento do País, o regulador deve manter uma oferta de geração 5% superior à demanda projetada diariamente.

Essa margem de segurança é o que permite administrar a oferta em momentos de pico de consumo. Ocorre que, atualmente, essa "sobra" tem ficado na casa dos 3%. Nesta semana, em várias situações, ela nem sequer existiu.

No dia do apagão, o ONS havia se programado para colocar 79.122 megawatt (MW) no sistema nacional de energia. Só que a demanda efetivamente registrada, segundo informações do operador, chegou a 79.553 MW- ou seja, no lugar de ter carga extra para garantir o atendimento, o parque nacional de geração ficou devedor em 431 MW.

Essa situação ocorreu no horário de "pico regulatório", entre as 17 horas e as 22 horas. Isso significa que, na prática, o saldo negativo foi certamente maior, já que os recordes de demanda de energia têm ocorrido entre as 14 horas e as 16 horas.

"Está claro que a queda da frequência alegada pelo governo é resultado dessa demanda de pico, que o governo não conseguiu atender", diz o especialista Claudio Salles, diretor do Instituto Acende Brasil.

Paliativo

A importação de energia da Argentina iniciada na terça-feira ajudou a atenuar o estresse na geração, mas não resolveu o problema. Na terça-feira e na quarta-feira, diversas regiões do País registraram índices de geração que comprometeram a margem de segurança do sistema.

Na quarta-feira, 21, por exemplo, a Região Sul registrou demanda de 15.739 MW, superando os 15.726 MW que estavam programados. Essas limitações regionais ocorrem porque o setor elétrico tem restrições técnicas para fazer o intercâmbio de energia.

Duas semanas atrás, após encontro do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), composto pela cúpula da área de energia, o governo garantiu que o País tem "sobra estrutural de cerca de 7.300 MW médios" e que não há falta de energia. Especialistas veem o discurso oficial com cautela.

"Há uma certa distância entre o que mostram os dados e as conclusões do governo. O ONS tem feito o que pode, mas é claro que hoje vivemos uma situação de absoluto estresse", diz o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos. No curto prazo, a situação não deve se alterar.

"Está faltando potência, tanto que estamos buscando apoio fora do País e acionando o que temos ainda de térmicas", disse João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos Energia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Brasília - O ministro de Minas e Energia , Eduardo Braga, tem justificado que falhas técnicas causaram o apagão da última segunda-feira, 19, e reafirmado que há sobras de energia no País. Mas os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico ( ONS ) são claros quanto à origem do blecaute que deixou dez Estados e o Distrito Federal sem luz: não havia energia disponível para atender ao pico de demanda.

Em decorrência dessa limitação de geração, equipamentos entraram em pane e passaram a comprometer o abastecimento nacional.

As limitações de geração estão no acompanhamento diário feito pelo ONS. Para garantir o abastecimento do País, o regulador deve manter uma oferta de geração 5% superior à demanda projetada diariamente.

Essa margem de segurança é o que permite administrar a oferta em momentos de pico de consumo. Ocorre que, atualmente, essa "sobra" tem ficado na casa dos 3%. Nesta semana, em várias situações, ela nem sequer existiu.

No dia do apagão, o ONS havia se programado para colocar 79.122 megawatt (MW) no sistema nacional de energia. Só que a demanda efetivamente registrada, segundo informações do operador, chegou a 79.553 MW- ou seja, no lugar de ter carga extra para garantir o atendimento, o parque nacional de geração ficou devedor em 431 MW.

Essa situação ocorreu no horário de "pico regulatório", entre as 17 horas e as 22 horas. Isso significa que, na prática, o saldo negativo foi certamente maior, já que os recordes de demanda de energia têm ocorrido entre as 14 horas e as 16 horas.

"Está claro que a queda da frequência alegada pelo governo é resultado dessa demanda de pico, que o governo não conseguiu atender", diz o especialista Claudio Salles, diretor do Instituto Acende Brasil.

Paliativo

A importação de energia da Argentina iniciada na terça-feira ajudou a atenuar o estresse na geração, mas não resolveu o problema. Na terça-feira e na quarta-feira, diversas regiões do País registraram índices de geração que comprometeram a margem de segurança do sistema.

Na quarta-feira, 21, por exemplo, a Região Sul registrou demanda de 15.739 MW, superando os 15.726 MW que estavam programados. Essas limitações regionais ocorrem porque o setor elétrico tem restrições técnicas para fazer o intercâmbio de energia.

Duas semanas atrás, após encontro do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), composto pela cúpula da área de energia, o governo garantiu que o País tem "sobra estrutural de cerca de 7.300 MW médios" e que não há falta de energia. Especialistas veem o discurso oficial com cautela.

"Há uma certa distância entre o que mostram os dados e as conclusões do governo. O ONS tem feito o que pode, mas é claro que hoje vivemos uma situação de absoluto estresse", diz o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos. No curto prazo, a situação não deve se alterar.

"Está faltando potência, tanto que estamos buscando apoio fora do País e acionando o que temos ainda de térmicas", disse João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos Energia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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