Dados do FMI apontam crescimento do PIB da China bem acima dos EUA
Relatório aponta ainda que pobreza extrema deve aumentar pela primeira vez em mais de 20 anos, com 90 milhões entrando em privação extrema neste ano
Fabiane Stefano
Publicado em 15 de outubro de 2020 às 14h25.
Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 11h30.
A pandemia de covid-19 produzirá mudanças duradouras no crescimento global, com avanço ainda maior da China. A proporção da expansão mundial proveniente do gigante asiático deve aumentar de 26,8% em 2021 para 27,7% em 2025, de acordo com cálculos da Bloomberg com base em dados do Fundo Monetário Internacional.
Seriam mais de 15 e 17 pontos percentuais acima da participação dos Estados Unidos em 2021 e 2025 no PIB global estimado, respectivamente. Índia, Alemanha e Indonésia completam os cinco maiores motores de crescimento no próximo ano.
O FMI agora prevê que o PIB mundial encolha 4,4% neste ano, uma melhora em relação à queda de 4,9% projetada em junho, de acordo com o mais recente World Economic Outlook divulgado nesta semana. Em 2021, o FMI espera crescimento de 5,2%.
Em janeiro, antes de o coronavírus começar a se espalhar pelo planeta, o FMI estimava expansão global de3,3%neste ano e de 3,4% em 2021.
O Fundo estima que a economia da China crescerá 8,2% no ano que vem, queda de 1 ponto percentual em relação à estimativa de abril do FMI, mas forte o suficiente para responder por mais de um quarto do crescimento global. O PIB americano deve se expandir 3,1%, respondendo por 11,6% do crescimento global em 2021 em termos de paridade do poder de compra.
Até 2025, a perda cumulativa da produção em relação à trajetória projetada pré-pandemiadevecrescer para 28 trilhões de dólares.
As cinco nações com maior número de mortes por covid-19—Estados Unidos, Brasil, Índia, México e Reino Unido—deverão registrar queda total do PIB de quase 1,8 trilhão de dólares em termos nominais e de 2,1 trilhões de dólares após ajustes segundo o poder de compra.
Padrões de vida
A pobreza extrema deve aumentar pela primeira vez em mais de duas décadas, e perdas persistentes da produção implicam um grande retrocesso nos padrões de vida em comparação com o período pré-pandemia, disse o FMI.
“Os pobres estão ficando mais pobres, com cerca de 90 milhões de pessoas que deverão entrar em privação extrema neste ano”, disse Gopinath.
A Rússia, o nono maior contribuinte para o crescimento total em 2021, deve avançar para o quinto lugar em cinco anos com a desaceleração do crescimento econômico da Alemanha.
Após a recuperação em 2021, o crescimento global deve desacelerar gradualmente para cerca de 3,5% no médio prazo, de acordo com o relatório.
Com exceção da China, onde o PIB deve ultrapassar os níveis de 2019 neste ano, a produção nas economias avançadas e nos mercados emergentes e em desenvolvimento deve permanecer abaixo dos patamares de 2019 também em 2021.