Economia

Custos trabalhistas são entraves para crescimento do Brasil

Segundo o presidente da CNI, a indústria poderia crescer de 4% a 5% ao ano caso os problemas estruturais da economia brasileira sejam resolvidos


	Robson de Andrade: para o presidente da CNI, a burocracia atualmente representa o principal obstáculo para os investimentos dos empresários
 (Reginaldo Teixeira/Contigo)

Robson de Andrade: para o presidente da CNI, a burocracia atualmente representa o principal obstáculo para os investimentos dos empresários (Reginaldo Teixeira/Contigo)

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Da Redação

Publicado em 19 de dezembro de 2013 às 10h59.

Brasília – A burocracia e os custos trabalhistas representam os principais entraves para o crescimento do Brasil no médio e no longo prazo, disse hoje (19) o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade.

Ao comentar as projeções da entidade para a economia no próximo ano, ele destacou a burocracia e os custos trabalhistas como fatores que desestimulam os investimentos e prejudicam a competitividade dos produtos brasileiros.

Segundo o presidente da CNI, a indústria poderia crescer de 4% a 5% ao ano caso os problemas estruturais da economia brasileira sejam resolvidos.

Segundo a edição anual do Informe Conjuntural, divulgada hoje pela entidade, a indústria crescerá 1,4% em 2013 e 4% no próximo ano.

“O Brasil é um país com a indústria diversificada, muito mais do que em outros países. Poderíamos estar crescendo entre 4% e 5%, mas o país precisa de reformas estruturais que mudem o ambiente de negócios e melhorem a competitividade do país”, declarou Andrade.

Para o presidente da CNI, a burocracia atualmente representa o principal obstáculo para os investimentos dos empresários.

“A burocracia mata qualquer atividade econômica. Dificulta qualquer empreendimento e desestimula os investimentos. Até na vida pessoal, nos penaliza enormemente. O país avançaria muito apenas com a diminuição da burocracia”, explicou.

Em relação aos custos trabalhistas, Andrade pediu a simplificação da legislação trabalhistas, que, conforme ele, prejudicam tanto patrões como empregados.

“A Justiça trabalhista deixou de ser o fiel da balança entre capital e trabalho e passou formular legislações, desestimulando os acordos entre empregados e patrões. Isso, na prática, enfraquece os sindicatos, tanto patronais como profissionais”, criticou.


Para Andrade, a redução dos encargos trabalhistas melhoraria a situação dos empregados, à medida que permitiria aos empresários pagar salários maiores.

O aumento da renda, disse, ajudaria a elevar o consumo e aquecer a economia.

“No Brasil, o trabalhador custa muito para as empresas e ganha pouco. Gostaria que fosse o contrário”, destacou.

O presidente da CNI também reclamou da carga tributária.

“Precisamos desonerar os investimentos. O Brasil é um dos poucos países que tributa o investimento“, disse. E

le, no entanto, reconheceu ser difícil para o governo retirar impostos em ano eleitoral. “Todos falamos na redução da carga tributária, mas é complicado para o governo, com custo elevado, despesa elevada e necessidade de fazer superávit e investir, reduzir tributos”, ressaltou.

Outra dificuldade apontada pelo presidente da CNI são os gargalos na infraestrutura, que comprometem o transporte e a logística. Ele, no entanto, demonstrou otimismo com o programa de concessões de rodovias, ferrovias e portos à iniciativa privada.

Segundo Andrade, caso os leilões sejam bem-sucedidos, os investimentos poderão crescer, no próximo ano, mais que os 5% divulgados pela entidade. Até o PIB do próximo ano, avaliou, poderá ser maior que a projeção inicial de 2,1%.

“O país demorou para entrar na rota das concessões, mas as regulamentações estão pacificadas e os projetos foram aprovados pelos órgãos de controle. Já houve negociação em torno das taxas de retorno. Agora, as condições acertadas permitem fazer que os leilões possam ocorrer de forma mais forte e rápida, acelerando os investimentos nessa área”, concluiu Andrade.

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