Economia

Crivella anuncia contingenciamento de até R$ 700 milhões no Rio

O bloqueio nos valores do orçamento carioca ocorre devido à queda de arrecadação durante a pandemia do novo coronavírus

Marcelo Crivella: prefeito do Rio de Janeiro anunciou o contingenciamento das contas públicas (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Marcelo Crivella: prefeito do Rio de Janeiro anunciou o contingenciamento das contas públicas (Fernando Frazão/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 3 de julho de 2020 às 15h55.

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, anunciou o contingenciamento de até R$ 700 milhões das despesas do governo municipal devido à queda de arrecadação durante a pandemia do novo coronavírus. Segundo Crivella, os cortes não atingirão a área da saúde.

“O contingenciamento deve chegar a R$ 700 milhões. É uma luta grande, mas vamos ter que contingenciar. Vai ser aonde? Custeio. Está incluída a Saúde? Não. E a RioSaúde, também não. Mas o custeio está. Não da Saúde. Os demais órgãos vão ter que se adaptar”, disse o prefeito em coletiva à imprensa. Estão incluídas nas despesas de custeio, por exemplo, gastos com manutenção de equipamentos, com água, energia, telefone, entre outros.

O objetivo do contingenciamento, segundo explicou o prefeito, é garantir os pagamentos necessários ao cuidado da saúde da população, especialmente no período de pandemia do novo coronavírus. Todas as secretarias e órgãos serão atingidos, exceto a Secretaria Municipal de Saúde e a Empresa Pública de Saúde do Rio de Janeiro (RioSaúde). De acordo com a prefeitura, a queda na arrecadação esperada é de mais de R$ 2 milhões este ano devido à crise provocada pela pandemia.

Falta de repasses

A prefeitura afirma ainda que o estado do Rio não está repassando as cotas devidas ao município do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e Comunicação (ICMS) e nem do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). A falta desses repasses constitucionais, segundo a prefeitura, também impactam a situação financeira do município.

De acordo com a prefeitura, a perda média de receita do município com a falta de repasse do ICMS, só neste ano, ultrapassa R$ 80 milhões; em relação ao ISS, são mais de R$ 50 milhões retidos pelo estado.

Por conta disso, a Procuradoria Geral do Município (PGM) impetrou um mandado de segurança com pedido de liminar na 11ª Vara de Fazenda Pública contra o secretário estadual de Fazenda do Rio de Janeiro, Guilherme Mercês, por irregularidades no repasse do ICMS.

Em relação ao ISS, a PGM entrou com pedido de antecipação dos efeitos de tutela de urgência para que o Estado do Rio seja obrigado a entregar os valores retidos indevidamente. Esse pedido foi ajuizado também na 11ª Vara de Fazenda Pública, contra o Governo do Estado.

“O estado não está repassando a quarta parte do ICMS e o ISS e isso não pode. O secretário de Fazenda pode repassar menor, pode repassar R$ 1, porque é proporcional ao que ele arrecada. Mas se ele não passa nada, então é um crime”, diz Crivella.

O ISS é um imposto municipal que incide sobre serviços, cujas receitas são devidas ao município. A prefeitura explica que o estado deve, portanto, repassar a quantia referente aos tributos de serviços prestados por empresas contratadas pelo governo estadual ao município. O que não vem sendo feito, segundo o governo municipal.

Já em relação ao ICMS, pela legislação vigente, o estado deve repassar mensalmente aos municípios 25% do do que recolhe seguindo entre outros, no Rio, os critérios estabelecidos na Lei Estadual 2664/96. O valor devido ao Rio também não tem chegado ao município, segundo a prefeitura.

Procurado pela Agência Brasil, por meio da assessoria de imprensa, o Governo do Estado do Rio de Janeiro diz que o governo e o secretário de Fazenda, Guilherme Mercês, ainda não foram notificados.

Acompanhe tudo sobre:ContasMarcelo CrivellaRio de Janeiro

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto