Economia

Crise na Rússia leva risco a países emergentes

Em busca de novos motores de crescimento, os países emergentes podem ser vítimas indiretas da crise na Rússia e da consequente desconfiança dos mercados


	Rússia: o país pode ver sua economia recuar entre 4 e 5% em 2015
 (Alexander Nemenov/AFP)

Rússia: o país pode ver sua economia recuar entre 4 e 5% em 2015 (Alexander Nemenov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2014 às 16h08.

Paris - Em busca de novos motores de crescimento, os países emergentes, e alguns deles afetados pelo preço do petróleo, podem ser vítimas indiretas da crise na Rússia e da consequente desconfiança dos mercados.

No momento é a própria Rússia a mais prejudicada: apesar do aumento da taxa de juros (de 10,5 a 17%), o rublo seguiu em queda, de aproximadamente 20%, nesta terça-feira.

A Rússia, grande exportadora de hidrocarbonetos, pode ver sua economia recuar entre 4 e 5% em 2015 se os preços do petróleo não passarem dos 60 dólares, segundo alertou o banco central russo.

Nesta terça-feira, contudo, o petróleo caía ainda mais: o barril abriu em Nova York a 55 dólares, menor patamar em cinco anos e meio.

A agência de classificação de risco Fitch afirmou nesta terça-feira que, de todos os países petroleiros, os mais vulneráveis nesta situação são Venezuela, Nigéria e Bahrein.

A Venezuela é percebida como o mais frágil dos produtores: apesar de ter as maiores reservas de petróleo do mundo suas finanças estão em péssimo estado, já que aproximadamente 96% de suas receitas são oriundas da commodity.

Por outro lado, os demais países exportadores, como a Arábia Saudita e o Kuwait, têm suficientes reservas em divisas acumuladas para enfrentar a queda acentuada das cotações de cru.

No que se refere aos países emergentes consumidores de petróleo, a redução dos preços é uma boa notícia, que pode evitar uma repetição da crise financeira de 2013.

Então, com a perspectiva de um endurecimento monetário nos Estados Unidos, os investidores retiram seus capitais dos países emergentes, desvalorizando suas divisas e desestabilizando seus equilíbrios financeiros.

Por outro lado, um petróleo menos caro abre uma oportunidade para os países mais frágeis, garante Ludovic Subran, economista da asseguradora Euler Hermes.

Estes países podem permitir que suas divisas percam um pouco de valor, o que é positivo para suas exportações, sem o medo de agravar muito seus déficits comerciais já que suas importações de petróleo, em dólares, custam menos, explica o especialista.

O papel da China, segundo consumidor mundial de petróleo, é fundamental para a economia mundial: se a economia do país é mais fraca, seu consumo de cru se reduz, os preços continuam caindo e, portanto, exportadores, como Rússia e Venezuela, sofrerão ainda mais.

Risco de contágio

De forma mais geral, "a crise na Rússia pode contagiar os países emergentes e fragilizá-los de forma duradoura", afirma Philippe Waechter, economista da Natixis AM.

Para Sébastien Barbé, da Crédit Agricole CIB, assiste-se agora a um "pequeno contágio" da Rússia para outras economias emergentes.

O analista cita a libra turca, que nesta terça-feira caiu ao seu mínimo histórico em relação ao euro e ao dólar, devido a fatores políticos internos mas também a uma crescente "aversão ao risco" nos mercados em relação os países emergentes.

"Quando se inicia um contágio, como é o caso atual, não há discriminação em um primeiro momento e os investidores ficam tentados a vender tudo o que consideram um pouco arriscado", explica Barbé.

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