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Crise empurrou 3 milhões de latino-americanos para pobreza

A maior parte dos 3 milhões de latino-americanos que caíram para abaixo da linha da pobreza deve essa queda à depressão econômica, segundo estudo

Pobreza: a maioria dos afetados é formada por mexicanos (Keith Levit/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2014 às 06h43.

Rio de Janeiro - Os dois primeiros anos (2008 e 2009) da crise econômica que ainda hoje afeta o mundo, fez com que três milhões de latino-americanos, em sua maioria mexicanos, fossem empurrados para a pobreza ou não conseguissem sair dela, segundo um estudo do Banco Mundial que será publicado em junho de 2014.

A diretora do Grupo de Economia Desenvolvimento Humano na América Latina e no Caribe do Banco Mundial, Margaret Grosh, uma das autoras do estudo, disse à Agência Efe que, deste total, 2,5 milhões são mexicanos.

A maior parte dos 3 milhões de latino-americanos que caíram para abaixo da linha da pobreza, segundo o estudo "Compreendendo a Pobreza: Impacto da Crise Financeira Global na América Latina e no Caribe", deve essa queda à depressão econômica e a diminuição de renda.

Por outro lado, um grande número que "teria saído da pobreza porque seus países estavam crescendo antes (de 2008)", não ultrapassou a linha pois a crise não os permitiu, afirmou Margaret.

"É importante considerar isso, porque quando apareceram os primeiros números de pobreza, a tendência foi pensar "ah, a situação não é tão ruim", mas muitos poderiam ter abandonado a pobreza, e a oportunidade se perdeu", explicou.

Em sua opinião, o grande número de afetados no México se deve ao fato de o país ser "grande, especialmente se comparado aos pequenos países da América Latina".


Margaret também observou durante a elaboração do estudo que, na maioria dos países, o maior impacto da crise foi sentido entre as pessoas que mantiveram seus empregos, mas que, no entanto, perderam entre 10% e 15% de sua renda.

O relatório, baseado em pesquisas dos países latino-americanos e do Caribe, mostra uma preocupação especial por um dos setores mais sensíveis nas sociedades latino-americanas, os trabalhadores irregulares, sempre mais afetados em situações de crise.

O efeito sobre a pobreza na região foi especialmente sensível, na opinião de Margaret, porque a região "é particularmente desigual, por isso existe uma preocupação especial com a pobreza e a distribuição de renda, porque as famílias mais pobres simplesmente não podem se permitir uma queda de sua renda".

No entanto, a funcionária do Banco Mundial ressaltou a importância de apontar as diferenças entre os diferentes países da região, já que enquanto alguns viram seu crescimento ser prejudicado, outros, "como Peru e Colômbia, cresceram bem", por isso não tiveram um aumento no número de pobres.

"O impacto foi muito diferente de um país para o outro", comentou a especialista.

Apesar dos dados e de sua particular sensibilidade diante de um potencial aumento da pobreza, Margaret destacou que a América Latina não foi a região mais afetada pela crise, pois ficou atrás de Europa Oriental e Ásia Central.

Os problemas na região foram consequência em grande parte "dos modelos de comércio e dos parceiros comerciais" da América Latina.

Este segundo ponto afetou especialmente o México, já que grande parte dos parceiros comerciais do país são dos Estados Unidos, onde a crise teve um impacto direto.

Apesar da crise, na opinião de Margaret, a década passada "foi uma maravilhosa oportunidade para reduzir a pobreza".

"A questão agora é quanto os governos vão investir em políticas de proteção social para prevenir a pobreza. Isso será um desafio maior nos próximos cinco anos do que nos dez anteriores", concluiu.

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Rio de Janeiro - Os dois primeiros anos (2008 e 2009) da crise econômica que ainda hoje afeta o mundo, fez com que três milhões de latino-americanos, em sua maioria mexicanos, fossem empurrados para a pobreza ou não conseguissem sair dela, segundo um estudo do Banco Mundial que será publicado em junho de 2014.

A diretora do Grupo de Economia Desenvolvimento Humano na América Latina e no Caribe do Banco Mundial, Margaret Grosh, uma das autoras do estudo, disse à Agência Efe que, deste total, 2,5 milhões são mexicanos.

A maior parte dos 3 milhões de latino-americanos que caíram para abaixo da linha da pobreza, segundo o estudo "Compreendendo a Pobreza: Impacto da Crise Financeira Global na América Latina e no Caribe", deve essa queda à depressão econômica e a diminuição de renda.

Por outro lado, um grande número que "teria saído da pobreza porque seus países estavam crescendo antes (de 2008)", não ultrapassou a linha pois a crise não os permitiu, afirmou Margaret.

"É importante considerar isso, porque quando apareceram os primeiros números de pobreza, a tendência foi pensar "ah, a situação não é tão ruim", mas muitos poderiam ter abandonado a pobreza, e a oportunidade se perdeu", explicou.

Em sua opinião, o grande número de afetados no México se deve ao fato de o país ser "grande, especialmente se comparado aos pequenos países da América Latina".


Margaret também observou durante a elaboração do estudo que, na maioria dos países, o maior impacto da crise foi sentido entre as pessoas que mantiveram seus empregos, mas que, no entanto, perderam entre 10% e 15% de sua renda.

O relatório, baseado em pesquisas dos países latino-americanos e do Caribe, mostra uma preocupação especial por um dos setores mais sensíveis nas sociedades latino-americanas, os trabalhadores irregulares, sempre mais afetados em situações de crise.

O efeito sobre a pobreza na região foi especialmente sensível, na opinião de Margaret, porque a região "é particularmente desigual, por isso existe uma preocupação especial com a pobreza e a distribuição de renda, porque as famílias mais pobres simplesmente não podem se permitir uma queda de sua renda".

No entanto, a funcionária do Banco Mundial ressaltou a importância de apontar as diferenças entre os diferentes países da região, já que enquanto alguns viram seu crescimento ser prejudicado, outros, "como Peru e Colômbia, cresceram bem", por isso não tiveram um aumento no número de pobres.

"O impacto foi muito diferente de um país para o outro", comentou a especialista.

Apesar dos dados e de sua particular sensibilidade diante de um potencial aumento da pobreza, Margaret destacou que a América Latina não foi a região mais afetada pela crise, pois ficou atrás de Europa Oriental e Ásia Central.

Os problemas na região foram consequência em grande parte "dos modelos de comércio e dos parceiros comerciais" da América Latina.

Este segundo ponto afetou especialmente o México, já que grande parte dos parceiros comerciais do país são dos Estados Unidos, onde a crise teve um impacto direto.

Apesar da crise, na opinião de Margaret, a década passada "foi uma maravilhosa oportunidade para reduzir a pobreza".

"A questão agora é quanto os governos vão investir em políticas de proteção social para prevenir a pobreza. Isso será um desafio maior nos próximos cinco anos do que nos dez anteriores", concluiu.

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