Economia

Crise de Covid na Índia afeta portos e traz risco para comércio

Crise de covid na Índia pode trazer de volta os problemas que abalaram o comércio global no ano passado, quando restrições desaceleraram os embarques para a China

Pandemia de coronavírus na Índia. (T. Narayan/Bloomberg)

Pandemia de coronavírus na Índia. (T. Narayan/Bloomberg)

B

Bloomberg

Publicado em 14 de maio de 2021 às 08h40.

A devastadora crise de Covid-19 na Índia atinge as operações em alguns dos maiores portos do país, o que aumenta a preocupação sobre atrasos dos embarques e o impacto nas cadeias de suprimentos globais.

O Porto de Karaikal, no sul da Índia, declarou força maior até 24 de maio, pois as operações foram “gravemente afetadas” pela pandemia, segundo nota no site do terminal. O porto, que afirma ser o maior terminal não estatal da Índia, movimenta carvão, açúcar, petróleo, entre outras commodities. O Porto de Gopalpur, em Odisha, também declarou força maior, segundo a IHS Markit.

A situação pode trazer de volta os problemas que abalaram o comércio global no ano passado, quando restrições relacionadas ao coronavírus desaceleraram os embarques para a China. Embora a Índia responda por apenas uma fração do comércio da China no mercado global, qualquer atraso no desembarque dos navios e liberação para o próximo destino pode criar gargalos nas cadeias de suprimentos.

A Índia tem 21,9 milhões de toneladas de cargas programadas para chegar este mês, mas, com escassez de mão de obra e força maior em alguns portos, muitos dos navios podem sofrer atrasos para descarga, segundo o diretor associado da IHS Markit, Pranay Shukla. Isso pode repercutir nos carregamentos programados de países exportadores.

A movimentação de cargas no Porto de Visakhapatnam, um dos principais terminais marítimos da Índia, também é parcialmente afetada depois que a organização de tradings locais anunciou força maior na área do porto até 19 de maio, de acordo com G. Veeramohan, presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Vizagapatam.

A refinaria estatal Hindustan Petroleum, que utiliza o Porto de Visakhapatnam para importar petróleo, não foi afetada, pois usa um ancoradouro offshore para descarregar petroleiros, disse o presidente do conselho, Mukesh Kumar Surana.

Grandes regiões da Índia estão sob lockdowns decretados pelos governos provinciais, que enfrentam aumento dos casos de Covid-19 em meio à escassez de vacinas e infraestrutura médica, como leitos hospitalares e oxigênio. As ordens para ficar em casa restringem a movimentação de pessoas e matérias-primas aos portos do país, embora o governo do primeiro-ministro Narendra Modi se oponha a um lockdown nacional.

Uma cláusula de força maior normalmente isenta a empresa de cumprir compromissos contratuais por motivos fora do controle.

Acompanhe tudo sobre:Comércio exteriorCoronavírusÍndiaPortos

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor