Economia

Crescimento da zona do euro desacelera no 3º trimestre e vai a 0,2%

Apesar do menor ritmo de expansão, região teve o 22º trimestre seguido de alta

Zona do euro: economia europeia enfrenta um momento difícil, com tensões comerciais, a negociação do Brexit e a disputa entre Bruxelas e Roma (Philippe Huguen/AFP)

Zona do euro: economia europeia enfrenta um momento difícil, com tensões comerciais, a negociação do Brexit e a disputa entre Bruxelas e Roma (Philippe Huguen/AFP)

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AFP

Publicado em 30 de outubro de 2018 às 18h52.

A zona do euro registrou seu menor crescimento no terceiro trimestre nos últimos quatro anos, pressionada pelas dificuldades específicas da indústria automobilística alemã e pela estagnação da economia italiana.

A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) nos 19 países do euro desacelerou a 0,2%, dois décimos abaixo do primeiro e do segundo trimestres deste ano, indicou a Eurostat. "Representa o 22º trimestre consecutivo de expansão, embora o ritmo de crescimento tenha desacelerado, as bases para uma expansão sustentada permanecem", disse o porta-voz da Comissão Europeia, Christian Spahr.

Analistas consideram os dados do terceiro trimestre decepcionantes. Para Bert Colijn, da ING Economics, o 0,4% registrado no trimestre anterior poderia ser "uma última onda do ciclo de crescimento".

A última vez em que a zona do euro registrou um crescimento trimestral de 0,2% foi no segundo trimestre de 2014, perto de um ano depois de deixar para trás meses de recessão, em meio à crise da dívida.

A economia europeia está atualmente enfrentando um contexto difícil, marcado por tensões comerciais, a negociação urgente do Brexit e a disputa entre Bruxelas e Roma acerca do orçamento italiano para 2019.

"Má notícia" para Itália

A Comissão rejeitou o orçamento de 2019 do atual governo italiano, uma coalizão de direitistas e antissistema, por apresentar um déficit de 2,4%.

Roma, que tem até 13 de novembro para apresentar um novo plano para Bruxelas, já indicou que não irá modificá-lo. A preocupação da Comissão é maior diante do nível de endividamento da economia italiana, equivalente a 131% do PIB.

Os dados divulgados pelo Instituto Nacional Italiano de Estatística (Istat) nesta terça-feira de uma estagnação da terceira economia da zona do euro entre julho e setembro aumentam a pressão sobre Roma. "É uma má notícia para o governo que, a fim de implementar suas decisões orçamentárias, estabeleceu uma meta otimista de expansão para o próximo ano", de 1,5% do PIB, disse Nicola Nobile, especialista da Oxford Economics.

Da Índia, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, descreveu a estagnação de "conjuntural". "Isso afeta toda a economia europeia, nós prevíamos isso, então decidimos ter um orçamento expansivo", disse ele.

Em suas últimas previsões, em julho, Bruxelas reduziu o crescimento da zona do euro em 2018 para 2,1%, devido à tensão comercial com os Estados Unidos. Suas projeções atualizadas estão programadas para 8 de novembro.

Carros alemães

Na comparação com o terceiro trimestre de 2017, a expansão nos 19 países do euro ficou em 1,7%, meio ponto abaixo do crescimento em ritmo anual registrado no trimestre anterior, indicou a Eurostat. Segundo analistas, essa maior desaceleração também pode ser devida a uma situação "temporária" na maior economia da zona do euro, a Alemanha, que deve publicar em breve seu crescimento trimestral.

"É provável que a expansão também tenha desacelerado, pelo menos em parte devido ao atraso na produção de carros devido aos testes anteriores às novas normas de emissões", de acordo com Jessica Hinds.

A analista da Capital Economics projeta crescimento para o último trimestre do ano de 0,3%-0,4%, um número semelhante ao antecipado por Colijn, que aponta para incertezas sobre o investimento ou o alto preço do petróleo. Para a Capital Economics, os dados europeus fazem parte da tendência global para o terceiro trimestre do ano, quando a expansão do PIB "caiu para cerca de 3% ano-a-ano" e continuará a cair em 2019.

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