Economia

"Correção pelo IPCA amplia crédito", diz associação do setor imobiliário

Para a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, outros bancos devem acompanhar o movimento de queda de juros anunciado pela Caixa

Imóveis: Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias está animada com as perspectivas para o setor com redução do juros no financiamento imobiliário anunciado pela Caixa (Germano Lüders/Exame)

Imóveis: Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias está animada com as perspectivas para o setor com redução do juros no financiamento imobiliário anunciado pela Caixa (Germano Lüders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de junho de 2019 às 14h58.

São Paulo — A Caixa fez uma leitura correta da situação do país e cria condições para melhora da economia ao anunciar a redução nos juros do financiamento imobiliário. Essa é a visão do presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Antônio França, que está animado com as perspectivas para o setor - apesar de a construção civil ter recuado 2% no PIB do primeiro trimestre, as vendas de imóveis em São Paulo cresceram 17% de janeiro a março ante o mesmo período de 2018, segundo o Secovi-SP.

Ele acredita que os bancos vão acompanhar o movimento de queda de juros e que a proposta de indexar o financiamento imobiliário ao IPCA, índice que mede a inflação, pode trazer vantagens para o mercado. "O futuro é, sem dúvida, de taxas indexadas ao IPCA", diz.

O setor imobiliário vive um aquecimento? O que se pode esperar depois das mudanças anunciadas pela Caixa?

A venda de imóveis aumenta quando há três pilares alinhados: baixo nível de desemprego; bom marco regulatório, que significa legislação segura; e taxa de juros abaixo de dois dígitos. Com a redução dos juros, a Caixa incentiva maior número de pessoas a financiar. Uma vez que se tem demanda, é preciso haver oferta e começa a girar a roda da incorporação: geração de empregos nos canteiros de obras e no fornecimento de material. É bom para pessoas físicas e para a economia brasileira, pois o mercado de construção civil é o que mais emprega.

Por que outros bancos conseguem ter taxas menores que o banco público líder no mercado?

A taxa do crédito imobiliário é dada cliente a cliente. Se ele tem altíssimo relacionamento com o banco, montantes grandes em aplicação e vários imóveis declarados, consegue ter uma taxa de juros muito baixa em outros bancos. Mas são pontos fora da curva, em média, a pessoa que está comprando um imóvel, não tem essa capacidade financeira e não tem acesso a essa menor taxa divulgada.

Em alguns casos compensa manter um financiamento em vez de quitar o valor do imóvel?

O brasileiro precisa aprender a usar o financiamento imobiliário. Às vezes ele quita o financiamento da casa rapidamente e logo financia um carro. É uma coisa absurda. É melhor reduzir o empréstimo imobiliário, deixando recursos para comprar o carro à vista, do que encerrar um financiamento a longo prazo com juros mais vantajosa. Quitar a dívida imobiliária é uma decisão emocional, mas não racional.

O que a indexação ao IPCA pode trazer para o setor?

Os salários são reajustados pelo IPCA, então, tecnicamente, é o índice correto para indexar financiamentos de longo prazo. O financiamento de mercado médio vem da caderneta de poupança, que tem volume limitado. Não podemos deixar que o mercado imobiliário dependa do dinheiro da poupança ou ele nunca vai crescer como pode. Com essa indexação, o banco consegue securitizar sua carteira com emissão de títulos, já que é um indexador conhecido pelos gestores do mercado financeiro, e cria espaço para mais operações de crédito imobiliário. Por isso, o futuro do mercado é, sem dúvida, de taxas indexadas ao IPCA.

O que se pode esperar do setor futuramente?

O volume de estoque está baixando. Como o ciclo de construção é longo (do lançamento até a conclusão da obra são cerca de 36 meses), se houver grande demanda, o preço dos imóveis pode subir. O que a gente pode esperar, com a economia do País mais estável no futuro, é a correção de preço em relação ao que se cobra no metro quadrado em outras cidades do mundo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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