(Adriano Machado/Reuters)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 18h35.
Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 19h15.
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu os juros em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano, nesta quarta-feira, 31. Essa foi a quinta queda consecutiva da Selic e era amplamente esperada pelo mercado.
Os diretores do Banco Central (BC) também sinalizaram que manterão o ritmo de cortes nas próximas reuniões. No mercado, a dúvida é quando o ciclo de queda se encerrará. A mediana das apostas está em 9% ao ano, segundo o Focus.
"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", informou o BC, em comunicado após o Copom.
Nos bastidores do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a discussão não é se a meta fiscal de zerar o déficit público em 2024 será alterada. Técnicos da ala política e da equipe econômica afirmaram à EXAME que o debate interno é quando essa mudança deve ser anunciada, como será comunicada à sociedade e ao mercado, além do valor em que as despesas ultrapassarão as receitas.
As discussões iniciais partem de uma previsão de déficit de 0,5% do produto interno bruto (PIB), que poderia chegar a até 0,75% da geração de riquezas no país, com base na banda prevista no novo arcabouço fiscal. A decisão final caberá ao presidente da República e depende do envio ao Congresso de projeto para alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Investidores têm acompanhado com lupa todo o debate sobre a mudança da meta fiscal e as consequências para a economia brasileira.
Em conversas com a EXAME, dois executivos de hedge funds estrangeiros com grandes posições no Brasil alertaram que a mudança da meta fiscal pode ter impacto direto nas expectativas de inflação. Na prática, alterar o objetivo significa mais gasto público, o que pressiona o aumento de preços.
Como mostrou a EXAME, o Tesouro Nacional pode economizar R$ 309,5 bilhões com o custo da dívida pública até o fim de 2024 com a queda da Selic. Desse total, R$ 45,1 bilhões devem deixar de ser gastos se os juros terminarem o ano em 11,75% ao ano.
No fim do próximo, com a taxa em 9,5% ao ano, o governo deve poupar outros R$ 264,4 bilhões. A estimativa é do estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, Daniel Leal.
O Copom reduziu os juros em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano.
A taxa Selic é a taxa básica de juro no Brasil, ou seja, aquela que vai nortear todos os demais juros, tanto para quem recebe quanto para quem paga. Ela é importante para quem realiza algum empréstimo ou financiamento em alguma instituição financeira e também para quem investe.
O Banco Central possui um sistema conhecido como Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, onde acontecem as compras e vendas de títulos públicos, e se utiliza a taxa Selic para nortear qualquer operação.
É justamente o nome desse sistema que faz a taxa básica de juro no Brasil ser conhecida como Selic. Quando nos referimos à negociação de títulos públicos no sistema do BC, se tratam de operações de empréstimo de curto prazo que são feitas entre instituições, que por sua vez, tem como garantia esses títulos.