Economia

Copom pode moderar alta da Selic, diz consultoria

Acomodação do nível de atividade, queda das expectativas de inflação, câmbio e petróleo permitem que Copom diminua o ritmo do aperto monetário

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h34.

A política monetára é voltada para a trajetória futura de inflação. E as expectativas de inflação para 2005 têm recuado (de 5,9% para 5,78%), assim como as projeções para o aumento dos preços ao longo dos próximos 12 meses (de 6,21% para 5,97%, o valor mais baixo dos últimos seis meses). Com esse raciocínio, a consultoria Tendências acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) vai diminuir o ritmo do aperto monetário, elevando nesta quarta-feira (15/12) a taxa Selic em 0,25 ponto percentual e não em 0,5 pp como tem feito nas últimas reuniões. Com isso, os juros básicos subiriam para 17,5% ao ano.

Mas o relativo alívio não viria apenas do arrefecimento de expectativas. A atividade industral vem registrando desaceleração do crescimento, recuando pelo segundo mês consecutivo em outubro. O dólar, mesmo com a atuação do BC, tem sido cotado abaixo dos 2,80 reais, e chegou até a ser negociado abaixo de 2,70. O preço do petróleo recuou para cerca de 37 dólares o barril (levando inclusive à ação da Opep para cortar a produção), o que para a consultoria indica que a cotação parece estar convergindo para seus fundamentos.

Esse cenário, acrescido da queda do risco Brasil - para menos de 408 pontos-base nesta terça-feira -, implica em baixos riscos de que a inflação se distancie da trajetória das metas, na opinião da consultoria.

Para os economistas da Tendências, a queda da produção nos últimos meses não pode ser atribuída às altas de juros básicos promovidas pelo Copom nos últimos meses. "É um processo natural de acomodação da atividade", diz o texto. "A elevação dos juros iniciada em setembro impacta a atividade econômica com uma defasagem de pelo menos três meses."

No campo político, a melhora de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforça a autonomia operacional já concedida à diretoria do BC. "Na medida em que a aprovação do governo mantém sua trajetória de alta, a intensidade do embate político ao redor da definição da taxa de juros tende a diminuir."

Pressão

A Tendências projeta uma taxa de inflação de 0,70% em dezembro, estável em relação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro (0,69%). Assim, o IPCA de 2004 deve ser de 7,4% - apenas 0,6 ponto percentual abaixo do teto fixado pelo BC para este ano e bem distante do centro da meta, de 5,5%.

Para janeiro, entretanto, a LCA Consultores afirma que há indícios de que ocorrerá uma nova rodada de elevação nos preços dos insumos siderúrgicos, "que deverá retardar a desaceleração dos preços industriais no atacado e dos núcleos da inflação ao consumidor".

A última reunião do ano do Copom começou nesta terça-feira (14/12) e termina hoje (15/12). O próximo encontro ocorrerá nos dias 18 e 19 de janeiro.

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