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Contração da indústria acelera em abril com queda na produção, mostra PMI

Índice de Gerentes de Compras do setor industrial sofreu a maior deterioração desde o início da pesquisa, em fevereiro de 2006

Indústria: PMI do setor industrial foi a 36,0 em abril, de 48,4 em março (Getty Images/Getty Images)
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Reuters

Publicado em 4 de maio de 2020 às 11h51.

A contração da indústria brasileira se aprofundou em abril, em meio aos efeitos da pandemia de coronavírus , com quedas recordes em volume de produção e novos pedidos, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) nesta segunda-feira.

O IHS Markit informou que o PMI do setor industrial foi a 36,0 em abril, de 48,4 em março, na deterioração mais acentuada nas condições de negócios desde o início da pesquisa, em fevereiro de 2006. O recorde anterior havia sido registrado no auge da crise financeira mundial, em janeiro de 2009.

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Ao ir mais ainda abaixo da marca de 50 --que separa crescimento de contração--, o índice apontou quedas recordes nos volumes de produção e novos pedidos em abril, diante do fechamento de empresas e do isolamento de pessoas para evitar a propagação do coronavírus, o que reduziu fortemente a demanda.

Os novos pedidos recuaram em todos os três subsetores pesquisados, com a queda mais intensa sendo registrada pelos produtores de bens de investimento, segundo o IHS Markit.

"Os dados do PMI de abril mostram a forte e súbita contração que atingiu o setor industrial brasileiro após o surto da Covid-19. Os volumes de produção e de novos pedidos caíram significativamente..., com a retração sendo ainda mais severa do que a crise financeira global e a pior desde o início da pesquisa há mais de quatorze anos", destacou em nota Andrew Harker, diretor de Economia do IHS Markit.

As restrições vistas em mercados de todo o mundo também fizeram com que o volume novos pedidos para exportação contraísse a um ritmo substancial.

Diante da queda da demanda, a redução do nível de empregos no mês foi a mais forte desde junho de 2016, em meio às tentativas de reduzir custos e de fazer ajustes diante das necessidades mais baixas de produção.

A alta do dólar frente ao real também afetou o setor industrial, uma vez que os preços de insumos continuaram a aumentar a um ritmo acentuado. Como consequência, as empresas aumentaram seus preços de venda.

O subsetor de bens de consumo foi o que registrou o aumento mais forte nos preços de insumos dentre as três categorias monitoradas.

"Como se não bastasse, as empresas também estão sendo atingidas por aumentos de custos causados pelo enfraquecimento do real em relação ao dólar americano, forçando-as a aumentar seus preços de venda apesar da forte queda na demanda", disse Harker.

Em abril, o dólar chegou a flertar com 5,75 reais na venda, um recorde histórico nominal. A cotação subiu 4,69% no mês passado, o quarto seguido de ganhos, e já acumula apreciação de 35,51% em 2020.

Com a pandemia, dúvidas sobre o tempo que a economia levará para voltar ao normal e preocupações em relação ao consumo, o otimismo em relação aos negócios caiu acentuadamente em abril pelo segundo mês consecutivo e atingiu o ponto mais baixo em pouco mais de quatro anos.

Ainda assim, algumas empresas esperam que a produção aumente, ajudada por um crescimento de novos pedidos depois que a pandemia for controlada.

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