Economia

Consumo doméstico de importados industriais atinge recorde

Dados divulgados pela CNI mostram que 21,5% do consumo doméstico de bens industriais é de produtos feitos fora do país

O levantamento mostrou que as exportações aumentaram sua participação no total da produção industrial (Divulgação/EXAME)

O levantamento mostrou que as exportações aumentaram sua participação no total da produção industrial (Divulgação/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2011 às 14h59.

Brasília - A participação dos produtos importados no consumo doméstico de bens industriais atingiu 21,5% no fechamento do período de quatro trimestres encerrado em setembro, com alta de 1,2 ponto percentual sobre o acumulado dos quatro trimestres de 2010. Foi o maior valor da série histórica, quase 10 pontos percentuais acima do ponto mais baixo, registrado em 2003.

A participação das exportações na produção industrial, por sua vez, atingiu 17,9% no acumulado do mesmo período de quatro trimestres encerrado em setembro, aumento de 0,4 ponto percentual em relação a 2010. Os números foram apurados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgados nesta terça-feira no primeira edição do informativo Coeficientes de Abertura Comercial.

No caso das exportações, o resultado anualizado do terceiro trimestre interrompeu um período de quedas sucessivas desde 2006. Com relação ao chamado coeficiente de penetração das importações, que mede a participação dos produtos industriais importados no consumo doméstico, a trajetória é de alta desde 2003, com exceção de 2009, ano que refletiu a crise financeira global.

Com relação à indústria de transformação, o coeficiente de exportações subiu 0,4 ponto percentual, fechando o período de quatro trimestres terminado em setembro em 15%. Na indústria extrativista, aumento de 0,8 ponto percentual em relação a 2010, atingindo 73,7%.

Já o coeficiente de penetração das importações da indústria de transformação aumentou 1,3 ponto percentual na comparação com 2010, passando para 20,4%. Na indústria extrativista, o coeficiente se manteve estável de um ano para o outro, situando-se em 58,8% (queda de 0,4 ponto percentual em relação ao ano passado).

O chefe do Departamento Econômico da CNI, Flávio Castelo Branco, avaliou que "é necessária uma reversão desse quadro, que é mais grave nos setores de têxteis e de bens de capital". No caso da indústria de tecelagem, enquanto o coeficiente de importações atingiu 22,6%, o de exportações na produção total não passou de 11,4%. Entre os setores de bens de capital, o de máquinas e equipamentos registrou coeficiente de exportação de 18,5% contra coeficiente de penetração de importações no consumo doméstico de praticamente 40%.

"A política industrial precisa se voltar para melhorar a competitividade, para obter mais inserção na economia mundial e, assim, favorecer o aumento do crescimento interno. Não podemos permitir que os dois coeficientes se distanciem mais ainda, como aconteceu nos últimos dois ou três anos", advertiu Castelo Branco.

Segundo o economista, os fatores que mais atrapalham a competitivdade da economia brasileira são "a elevada carga tributária, as disparidades cambiais, os problemas de logística, custos de capital e acesso a financiamento, além de outros fatores ligados à inovação e educação. O viés para a importação tende a aumentar, favorecendo mais os produtos estrangeiros".

A demanda interna continua atrativa pelo lado do consumo e isso agrava a situação, segundo Castelo Branco. No entanto, a pesquisa feita pela CNI constatou tendência de retomada lenta do crescimento do coeficiente de exportação no restante deste ano. Houve crescimento da exportação pela indústria de transformação, associado a virtual estabilidade da produção no período.

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