Consumo das classes C, D e E atingirá 30% do PIB em 2012
Estudo da Fecomercio mostra que o ritmo de crescimento dos emergentes será o dobro do projetado para os mais ricos
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2010 às 09h43.
São Paulo - O consumo das famílias que ganham até dez salários mínimos vai crescer entre 7% e 8% nos próximos dois anos. O ritmo é o dobro do projetado para as classes A e B e supera com folga as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, segundo estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio).
Período | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 |
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População | 1% | 1% | 1% | 1% | 1% |
PIB | 5% | 4% | 4% | 4% | 4% |
Consumo das famílias | 5,6% | 5,6% | 5,6% | 4,5% | 4,5% |
A (Mais de 30 S.M.) | 4% | 4% | 4% | 4% | 4% |
B (de 10 a 30 S.M.) | 4% | 4% | 4% | 4% | 4% |
C (de 5 a 10 S.M.) | 7% | 7% | 7% | 5% | 5% |
D (de 2 a 5 S.M.) | 8% | 8% | 8% | 5% | 5% |
E (até 2 S.M.) | 8% | 8% | 8% | 5% | 5% |
As compras domésticas, atualmente, são responsáveis por pouco mais de 60% do PIB. Se as previsões da Fecomercio forem concretizadas, os gastos das classes C, D e E vão atingir quase a metade disso em 2012 (30% do PIB).
Apesar da forte expansão dos consumidores emergentes, as classes mais ricas ainda vão liderar o consumo até 2020 - último ano projetado pela Fecomercio. Porém, a diferença vai diminuindo a cada ano. "Haverá, portanto, modificações nos pesos de cada estado em termos de participação sobre o consumo do país", diz Fabio Pina, economista da Fecomercio. As regiões Norte e Nordeste apresentarão um crescimento acima da média nacional.
Período | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2014 | 2016 | 2018 | 2020 |
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Famílias / PIB | 62,7% | 63,1% | 64,0% | 65,0% | 65,6% | 66,2% | 66,8% | 67,4% |
A e B / PIB | 35,3% | 34,9% | 34,9% | 34,9% | 34,9% | 34,9% | 34,9% | 34,9% |
C, D e E / PIB | 27,5% | 28,1% | 29,2% | 30,0% | 30,7% | 31,3% | 31,9% | 32,5% |
Fábio Pina diz que "o crescimento excessivo do consumo das famílias, das empresas e do governo não será acompanhado pela expansão da oferta global". Neste cenário, a poupança externa financiaria o consumo, elevando o déficit em conta corrente.
"O Brasil do consumo não 'cabe' em si mesmo: ou as famílias consomem, ou o governo gasta ou as empresas investem. Uma alternativa é apelar para a poupança externa, mas essa hipótese tem sérios limites", afirma Pina. "Esse cenário pode aumentar as pressões no câmbio, nos preços e nos juros."