Economia

Construtoras encerram 2017 com vendas e lançamentos maiores

Já é consenso entre os participantes do setor que um dos principais fatores para a melhora dos resultados foi a queda da taxa Selic

Construtora: tanto as construtoras de imóveis econômicos quanto as de médio e alto padrão planejam intensificar os lançamentos (iStock/Thinkstock)

Construtora: tanto as construtoras de imóveis econômicos quanto as de médio e alto padrão planejam intensificar os lançamentos (iStock/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 19h30.

São Paulo - As construtoras já estão colhendo os resultados dos primeiros sinais de recuperação da economia, com a maioria das empresas reportando crescimento nas vendas contratadas e também nos lançamentos do quarto trimestre e do acumulado do ano, em um cenário de juros mais baixos e maior confiança.

Já é consenso entre os participantes do setor que um dos principais fatores para a melhora dos resultados foi a queda da taxa Selic, que iniciou 2017 em 13 por cento ao ano e caiu para mínima histórica de 7 por cento em dezembro passado, inspirando a confiança de consumidores e empresários.

E esse sentimento já se reflete no mercado acionário - o índice que reúne ações do setor disparou quase 32 por cento na B3 em 12 meses - e também nas expectativas para 2018, apesar da cautela característica de um ano eleitoral.

Tanto as construtoras de imóveis econômicos quanto as de médio e alto padrão planejam intensificar os lançamentos e vender mais unidades este ano.

O ritmo de crescimento, contudo, estará atrelado à disponibilidade de crédito, que desde o ano passado preocupa o setor em meio aos esforços da Caixa Econômica Federal para se adequar ao índice de Basileia III e ao uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para outras finalidades além do financiamento imobiliário.

"O total de financiamentos vai depender da política de governo e das decisões do conselho curador do FGTS", alertou à Reuters o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto de Abreu, em meados de dezembro.

Ao mesmo tempo, os juros mais baixos tendem a favorecer as captações da poupança, elevando a disponibilidade de recursos para financiamento imobiliário via Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Para 2018, a Abecip prevê alta de 15 por cento nessa modalidade de crédito.

Esse é um dos motivos que levou a MRV a relançar no fim do ano passado uma linha de empreendimentos voltada para média renda, atendendo a famílias com renda mensal de 5 mil a 10 mil reais com apartamentos de 200 mil a 350 mil reais.

O segmento, que além do SBPE usará recursos da linha pró-cotista e da aguardada Letra Imobiliária Garantida (LIG), inicialmente representará menos de 5 por cento do mix de vendas, mas esse percentual pode chegar a 30 por cento nos próximos anos.

Maior construtora de imóveis econômicos do país, a MRV diz ter condições de lançar 50 mil imóveis por ano já em 2018, o que significaria um aumento de 35 por cento sobre as 37.155 unidades de 2017.

Enquanto isso, a rival Tenda prevê expandir em até 15 por cento os lançamentos em 2018, bem como gastar 25 por cento mais com a aquisição de terrenos (landbank), apesar de preocupações com a continuação da faixa 1,5 do Minha Casa Minha Vida (MCMV), que segundo executivos contabilizou 40 por cento das vendas em 2017.

No segmento de médio e alto padrão, o otimismo também já começa a reaparecer entre as construtoras que mais foram penalizadas pelo elevado volume de distratos diante da mais profunda recessão econômica do país.

Antes mesmo da prévia operacional de 2017, que indicou altas de 17,8 por cento nas vendas contratadas e de 3,9 por cento em lançamentos, executivos da Cyrela já manifestavam a expectativa de retornar ao lucro em 2018.

A Gafisa, por sua vez, vê chance de melhorar as margens brutas, reduzir ainda mais os distratos e lançar entre 900 milhões e 1 bilhão de reais neste ano.

Outra que começou a reverter a tendência negativa foi a EzTec, cujas vendas líquidas acumuladas em 2017 saltaram 1.014 por cento e os lançamentos dispararam 328 por cento sobre os níveis de 2016.

A Even, por sua vez, vendeu 10,5 por cento mais no ano passado, mas lançou 3,6 por cento menos na comparação anual.

Em relatório, analistas do Credit Suisse liderados por Nicole Hirakawa ressaltaram que todas as companhias mostraram "alguma melhora", mas Tenda e Cyrela "roubaram a cena". Na avaliação deles, a velocidade de vendas do estoque foi o destaque dos resultados preliminares da Cyrela, que ainda mostraram redução dos distratos.

Quanto à Tenda, a equipe do banco observou que o desempenho foi ajudado pela faixa 1,5 do MCMV, uma modalidade que o Credit Suisse não vê como sustentável, considerando o atual formato financeiro do FGTS.

Ainda segundo os analistas, a EzTec continua apresentando sinais de melhora, entregando vendas brutas maiores e menos cancelamentos, enquanto a Even foi a que teve a prévia "menos inspiradora".

Na terça-feira, os dados da MRV também foram bem recebidos por analistas, com o BTG Pactual atribuindo recomendação de compra para o papel, o qual considera como principal escolha do setor.

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