Os preços da construção civil aceleraram 7,86%, ante alta de 7,01% em maio, puxados pelo reajuste de salários no setor em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília (Alex Wong/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2013 às 14h39.
Rio de Janeiro - Ao contrário do que aconteceu em meses anteriores, o comportamento dos preços no atacado não respondeu sozinho pela aceleração da inflação pelo Índice Geral de Preços 10 (IGP-10) em junho, que subiu 0,63% após uma deflação de 0,09% em maio, mostram os indicadores que compõem o IGP-10.
Houve uma contribuição forte da construção civil, cujos preços aceleraram 7,86%, ante alta de 7,01% em maio, puxado pelo reajuste de salários no setor em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília.
A valorização dos serviços de construção civil é pontual e não chega a indicar uma tendência na inflação, ao contrário do que ocorre com os alimentos. A alta de preços no atacado de produtos que fazem parte da alimentação típica das famílias brasileiras indica que, em breve, a inflação deverá corroer também o orçamento dos consumidores.
Estão mais caros, no atacado, os alimentos in natura (de -0,37% para 0,91%), como a batata inglesa (de 8,78% para 16,16%), destaque de aceleração no grupo; assim como a soja (de -0,40% para 9,61%); e o farelo de soja (de 0,75% para 14,12%), por causa de uma perspectiva de safra ruim do grão nos Estados Unidos.
"O trigo (de -2,22% para 1,88%) é o que mais perigo leva para o varejo, por causa da sua capacidade de contaminação de preços pelos seus derivados", destacou o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) André Braz. E a inflação do arroz passou de -0,30% para 4,02%, devido a problemas com o clima na lavoura da região Sul do País.
A expectativa de Braz é de que, já ao longo deste mês, a alta de preços dos alimentos comece a contaminar o varejo. "Os preços da alimentação podem avançar um pouco mais ao longo do mês. Mas não acredito que irá disparar", disse o economista.
Por enquanto, a inflação dos alimentos para o consumidor final permanece desacelerando (de 0,57% para 0,41%). Após 12 meses ganhando ritmo, a inflação do arroz e do feijão, por exemplo, teve alta menos intensa neste mês, de 1,67%, ante 2,78% em maio.
A carne de frango recuou 1,56% em junho, após queda de 1,52% em maio. E a inflação dos óleos e gorduras passaram de -1,79% para -2,58%.
Também contribuiu para a desaceleração do grupo a alimentação fora de casa (de 0,68% para 0,52%), após alta de 7,35% em maio, segundo o Ibre/FGV.