Economia

Conselheiro da Petrobras espera "aprendizado" do governo sobre preços

Petrobras havia programado alta de 5,7% no diesel, voltou atrás após pedido de Bolsonaro e colheu perda de R$ 32 bilhões no valor de mercado na bolsa

Empresa havia programado para esta sexta-feira uma alta de 5,7% diesel, após ter mantido o preço estável desde 22 de março (Victor Moriyama/Bloomberg/Bloomberg)

Empresa havia programado para esta sexta-feira uma alta de 5,7% diesel, após ter mantido o preço estável desde 22 de março (Victor Moriyama/Bloomberg/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 12 de abril de 2019 às 21h36.

Última atualização em 12 de abril de 2019 às 21h37.

Rio de Janeiro — O representante de minoritários no Conselho de Administração da Petrobras Marcelo Mesquita afirmou à Reuters acreditar que o governo passa por um processo de aprendizado sobre a política de preços da estatal, após a companhia recuar na véspera de um reajuste no diesel.

O CEO da Petrobras, Roberto Castello Branco, admitiu em nota nesta sexta-feira que suspendeu a elevação do combustível após pedido do presidente Jair Bolsonaro, mas defendeu que a decisão foi técnica e que a companhia tem autonomia.

A empresa havia programado para esta sexta-feira uma alta de 5,7% diesel, após ter mantido o preço estável desde 22 de março. No entanto, o movimento foi suspenso após o governo apontar preocupação com o impacto do aumento sobre os caminhoneiros, que vinham ameaçando uma greve.

O movimento causou uma queda das ações da petroleira de 8,5%, com perda de R$ 32 bilhões em valor de mercado.

"Minha visão otimista é de que isso seja uma gota de sangue no oceano, não é um evento recorrente, isso é um aprendizado do governo atual, do presidente (Jair Bolsonaro), que está ganhando experiência", afirmou Mesquita, em uma conversa por telefone.

Eleito pelos acionistas minoritários detentores de ações ordinárias, o conselheiro frisou acreditar que a época do controle de preços pelo governo ficou para trás.

"A gente viveu nesse mundo durante os últimos 15, 20 anos e deu no que deu no país e foi... por isso que o Bolsonaro foi eleito, porque queriam mudanças. Então eu acho difícil que esse seja um sinal de retrocesso", afirmou.

"A gente viveu assim (com intervenções) por anos, e isso pareceu que era normal. E o país foi para o abismo que foi. Então, é o momento de mostrar se vai para o abismo ou não", acrescentou.

Em meio à forte repercussão da suspensão do reajuste, o Planalto convocou uma reunião com representantes da Petrobras na terça-feira, com Bolsonaro afirmando que pretende entender melhor a política de preços da companhia.

Questionado, Mesquita disse que a intenção do presidente de conhecer a política da companhia é positiva, reiterando ainda que o atual estatuto da Petrobras prevê que o governo teria que ressarcir a empresa em um cenário em que alguma medida federal provoque prejuízos na estatal, como no caso de controle de preços.

"A empresa não opera para perder dinheiro, está no estatuto dela que, se o governo quer algum serviço, ele tem que pagar", afirmou.

Ele disse ainda que eventual mudança nesse ponto do estatuto teria impactos profundos no mercado, embora ele veja esse cenário como pouco provável.

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