Economia

Conpeg repudia fixação de alíquota máxima do ICMS de combustíveis

Para procuradores-gerais dos Estados, o aumento dos combustíveis não está associado à carga tributária, mas à política de preços da Petrobras

Combustíveis: procuradores alegam que reduzir porcentual do ICMS incidente sobre a gasolina, o etanol e o diesel não garante queda para consumidor final (Ricardo Matsukwa/VEJA)

Combustíveis: procuradores alegam que reduzir porcentual do ICMS incidente sobre a gasolina, o etanol e o diesel não garante queda para consumidor final (Ricardo Matsukwa/VEJA)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de junho de 2018 às 20h01.

Brasília - Os procuradores-gerais dos Estados divulgaram carta aberta de repúdio ao projeto do Senado Federal que fixa alíquota máxima para cobrança de ICMS dos combustíveis.

Para os procuradores, o aumento dos combustíveis, que foi o estopim da greve dos caminhoneiros, não está associado à carga tributária, que se manteve estável em todo o período da crise.

Os procuradores culpam a política tarifária adotada pela União para restabelecimento das finanças da Petrobras. Essa política é atrelada aos preços do mercado internacional, com constantes revisões de custos.

Na carta, o Colégio Nacional dos Procuradores dos Estados (Conpeg) alega que a proposta do Senado de reduzir o porcentual do ICMS incidente sobre a gasolina, o etanol e o diesel não garante, de forma alguma a queda correspondente para o consumidor final.

Para os procuradores, a proposta é "absurdamente" danosa às finanças dos Estados-membros. Eles avaliam que a redução das atuais alíquotas de ICMS sobre os combustíveis implica "grave afronta" ao Pacto Federativo e autonomia dos Estados.

"O sistema de arrecadação e repartição de receitas tributárias é o sustentáculo financeiro do (precário) Pacto Federativo inaugurado com a Constituição da República de 1988", diz a carta.

O Conpeg ressalta ainda que não é crível e coerente a proposta do Senado. "Teme-se que a presente iniciativa, permeada de boas intenções, fulmine o equilíbrio das contas públicas dos entes subnacionais, incluindo os municípios, e inviabilize a continuidade de atividades e serviços essenciais à população mais necessitada, como saúde, educação e segurança", alertam os procuradores.

Como mostrou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, os Estados calculam uma perda de R$ 39,5 bilhões por ano caso seja aprovado que fixa um teto máximo para a alíquota dos combustíveis.

A proposta é autoria dos senadores Romero Jucá (MDB-RR) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Atualmente, os Estados arrecadam R$ 86,94 bilhões com o ICMS dos combustíveis, com peso forte nas suas receitas.

Com as medidas negociadas pelo governo federal para garantir o subsídio ao diesel, os Estados estimam uma perda total de R$ 4,4 bilhões. Desse total, R$ 3,7 bilhões com a redução de R$ 0,46 no preço do diesel e R$ 798 milhões relativo à Cide combustíveis, que é compartilhada com os governos regionais. É que indiretamente elas acabam influenciando na arrecadação dos governos estaduais.

O projeto do Senado, que foi apresentado para ajudar a baixar o preço da gasolina e diesel no País, prevê que Estados terão de fixar a alíquota máxima do ICMS em 18% para gasolina e álcool e de 7% para o óleo diesel. Hoje, elas são variáveis.

Acompanhe tudo sobre:CaminhoneirosCombustíveisGrevesICMSImpostos

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto