Mario Draghi, presidente do BCE, em uma conferência em Frankfurt (Alex Domanski/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 31 de março de 2014 às 12h59.
São Paulo - Há algumas semanas, perguntaram para Paul Krugman quem foi o grande responsável pela zona do euro não ter entrado em colapso, como ele previra.
Ele respondeu: "Em duas palavras: Mario Draghi."
O italiano assumiu a presidência do Banco Central Europeu (BCE) em novembro de 2011.
Alguns meses depois, declarou que faria "whatever it takes" (o que for necessário) para salvar o bloco - e ganhou a confiança dos mercados.
Uma nota recente do banco Morgan Stanley relembra um episódio recente, quando Mario contou sua piada favorita para a plateia durante um jantar no museu de história natural de Frankfurt, na Alemanha:
"Um homem precisa de um transplante de coração. O doutor diz:
- Posso te dar o coração de um menino de cinco anos.
- Jovem demais.
- E o de um banqueiro de investimentos de 40 anos?
- Eles não têm coração.
- O coração de um velho do banco central de 75 anos?
- Aceito.
- Mas porque?
- Nunca foi usado."
Para o autor da nota, o economista Joachim Fels, a anetoda ilustra que "agir em um banco central significa fazer decisões racionais, de cabeça fria e sem emoção em circunstâncias frequentemente difíceis".
É algo que o "super Mario", como foi apelidado, terá que continuar fazendo - e logo.
A inflação de março, divulgada hoje, ficou em 0,5%, o patamar mais baixo desde a crise financeira. O risco de deflação aumenta as expectativas de que um novo corte na taxa de juros será anunciado na próxima reunião do BCE, marcada para a próxima quinta-feira.