Donald Trump: presidente dos EUA protagoniza o conflito do país com a União Europeia (ROBERTO SCHMIDT /AFP)
Agência de notícias
Publicado em 17 de março de 2025 às 20h23.
Última atualização em 17 de março de 2025 às 20h28.
A crescente guerra comercial entre os Estados Unidos e a Europa ameaça não só o comércio transatlântico, mas vai além, alerta a Câmara de Comércio Americana para a União Europeia, que representa as companhias americanas que atuam na Europa. De acordo com a AmCham EU, que conta com mais de 160 membros, incluindo Apple, ExxonMobil e Visa, o conflito tarifário coloca em risco aproximadamente US$ 9,5 trilhões em comércio e investimentos bilaterais.
Em seu relatório anual sobre da Economia Transatlântica, a AmCham afirmou que o comércio é apenas uma parte da atividade comercial transatlântica e que o verdadeiro indicador é o investimento.
O documento mostra ainda que a relação está se aprofundando: um valor recorde de US$ 2 trilhões em bens e serviços foi negociado entre a Europa e os EUA no ano passado. Os EUA também registraram US$ 4 trilhões em vendas de afiliadas na Europa, enquanto empresas europeias nos EUA realizaram US$ 3,5 trilhões em vendas de afiliadas no exterior.
"Contrariando a sabedoria convencional, a maioria dos investimentos dos EUA e da Europa flui entre si, em vez de ir para mercados emergentes de baixo custo", disse a entidade.
As vendas das afiliadas estrangeiras dos EUA na Europa são quatro vezes maiores que as exportações americanas para o continente, enquanto as vendas das afiliadas europeias nos Estados Unidos são três vezes superiores às exportações europeias. O documento da AmCham alerta que os efeitos colaterais do conflito comercial podem prejudicar esses laços estreitos.
Na última semana, o governo dos EUA impôs tarifas sobre aço e alumínio, a UE apresentou planos de retaliação, e o presidente Donald Trump ameaçou com tarifas de 200% sobre vinhos e destilados europeus. O republicano tem criticado o déficit comercial dos EUA em bens com a UE, embora no setor de serviços haja um superávit para os americanos, e tem incentivado as indústrias a produzirem nos Estados Unidos.
E mais: o comércio intraempresarial, que representa cerca de 90% do comércio da Irlanda e 60% do da Alemanha, pode ser afetado, destaca Daniel Hamilton, principal autor do relatório. Também há risco de impactos no comércio de serviços, nos fluxos de dados e no setor de energia, com a Europa dependendo das importações de GNL dos Estados Unidos.
"Os efeitos colaterais de um conflito comercial não se limitarão ao comércio. Eles se espalham por todos esses outros canais, e as interações são bastante significativas", ressalta Hamilton, acrescentando que não há certeza de se haverá investimentos isolados:
"Isso só tornaria as coisas muito ineficientes".