Concessões de crédito no Brasil caem, mesmo após estímulos
Mercado de crédito no Brasil continuou recuando mais de 2% em agosto, ao mesmo tempo em que a inadimplência não cedeu
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2014 às 15h03.
Brasília - Mesmo após as recentes medidas de estímulos anunciadas pelo <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/banco-central">Banco Central</a></strong>, as concessões no mercado de crédito no Brasil continuaram recuando mais de 2 por cento em agosto, ao mesmo tempo em que a inadimplência não cedeu, em meio ao cenário de atividade econômica fraca e <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/inflacao">inflação</a></strong> elevada.</p>
Segundo informou o BC nesta sexta-feira, as concessões de empréstimos com recursos livres recuaram 2,2 por cento em agosto sobre julho, quando a queda havia sido de 2,3 por cento.
Considerando as concessões totais, incluindo as feitas também com recursos direcionados, a queda foi de 0,5 por cento em agosto, sobre a retração de 3,9 por cento no mês anterior.
"O enfraquecimento da economia se reflete no enfraquecimento da demanda por crédito ", disse a economista da Tendências, Mariana Oliveira, para quem as medidas de estímulo anunciadas pelo governo ainda não geraram efeito por esse cenário de atividade mais fraca, e que impactos serão observados a partir de 2015.
No final de julho, o BC anunciou uma série de medidas --como redução no recolhimento de parte dos compulsórios à vista-- para estimular o mercado de crédito, com capacidade para injetar 45 bilhões de reais na economia.
Menos de um mês depois, repetiu a dose ao divulgar mais ações, dessa vez com capacidade para colocar mais 25 bilhões de reais.
O BC informou ainda que o estoque total de crédito no Brasil subiu 1 por cento em agosto, acelerando sobre o avanço de 0,2 por cento do mês anterior. Assim, o estoque foi a 2,864 bilhões de reais, ou 56,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
No mês passado, a inadimplência no mercado de crédito brasileiro no segmento de recursos livres ficou em 5 por cento em agosto, igual ao patamar visto em julho. Considerando os recursos totais, a inadimplência também ficou estável, em 3,1 por cento.
No período, o spread bancário --diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final-- ficou em 21,2 pontos percentuais no segmento de recursos livres, ante 21,4 pontos percentuais vistos em julho.
No crédito total, o spread recuou a 12,7 pontos no mês passado, sobre 13,1 pontos em julho.
Com a economia fraca e menor demanda por empréstimos e financiamentos, o BC informou ainda que a taxa média de juros no segmento de recursos livres fechou agosto em 32,2 por cento, um pouco menor que os 32,3 por cento em julho.
Levando em conta apenas o segmento de pessoas físicas, a taxa de juros mostrou a primeira queda em sete meses, de 0,1 ponto percentual, a 43,1 por cento em agosto.
No crédito total, ainda segundo o BC, os juros ficaram em 21,1, frente à taxa de 21,4 por cento apurada no mês anterior. ESTIMATIVAS O BC manteve em 12 por cento sua estimativa de alta do estoque de empréstimos para este ano, abaixo da expansão de 14,6 por cento em 2013.
"As medidas adotadas contribuíram para que não houvesse uma revisão para baixo na estimativa", disse o chefe do departamento econômico do BC, Tulio Maciel. "A leitura é de continuidade de crescimento em ritmo moderado".
Maciel informou ainda que a previsão do BC de expansão do estoque de crédito livre recuou a 6 por cento, frente a 7 por cento projetado anteriormente. Para o crédito direcionado, as contas continuaram mostrando expansão de 19 por cento neste ano.
O BC também manteve em 17 por cento a previsão de crescimento do estoque de crédito em bancos públicos, estimando para os bancos privados nacionais alta de 7 por cento, acima da projeção anterior de 6 por cento.
De acordo com os indicadores, em agosto os bancos públicos detinham 53 por cento do estoque de crédito, enquanto os bancos privados nacionais respondiam por 32,3 por cento do total.
Atualizado às 15h02