Exame Logo

Como o país mais pobre da Europa superou o roubo do século

Um oitavo do PIB da Moldávia evaporou de um dia para o outro, mas o país já está crescendo de novo

Castelo Sororoca na Moldávia (Baptiste Dauphin/Wikimedia Commons)

João Pedro Caleiro

Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 09h51.

São Paulo - A Moldávia, um pequeno país ex-soviético de 3,5 milhões de habitantes espremido entre a Romênia e a Ucrânia, foi vítima de um roubo histórico no final de 2014.

3 grandes bancos locais viram sumir, de uma hora para a outra, o equivalente a US$ 1 bilhão - cerca de um oitavo do PIB do país.

Veja também

Uma consultoria financeira foi contratada para investigar o que aconteceu e identificou como culpado Ilan Shor, o jovem herdeiro de uma das famílias mais ricas do país.

Desde 2012, ele e seus associados estavam adquirindo participação nos três bancos e os utilizavam para emprestar dinheiro a entidades da Moldávia que criavam e controlavam.

Uma instituição garantia o risco da outra: Shor estava emprestando dinheiro para si mesmo, sem lastro, e foi assim que conseguiu tirar o dinheiro subitamente. Desde então, está em prisão domiciliar.

Para completar, uma forte recessão estava se desenrolando nas vizinhas Rússia e Ucrânia, duas das maiores parceiras comerciais do país.

Mas a Moldávia até que não se saiu tão mal: o PIB caiu 0,5% em 2015, mas cresceu cerca de 2% em 2016.

A economia é muito dependente da agricultura e das remessas internacionais enviadas por imigrantes - e ambas não foram afetadas pelo escândalo.

As perdas com a fraude foram incorporadas rapidamente pelo setor público, que garantiu todos os depósitos e por isso viu sua dívida explodir em 10 pontos percentuais.

O crédito e o investimento sofreram com a crise bancária, mas as perdas para negócios e consumidores foram neutralizadas e a estabilidade macroeconômica mantida.

"O crescimento começou a retornar, as pressões sobre o mercado de moeda estrangeiro amainaram e a inflação caiu, permitindo ao banco central cortar as taxas de juros", diz um relatório publicado em novembro pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

O órgão está ajudando o país em reformas e regulações que auxiliem na luta contra a corrupção - o problema que afinal, estava na semente da própria crise.

"A Moldávia tem uma economia de transição com um tipo de 'sistema híbrido', onde direitos de propriedade privada foram estabelecidos, mas a relação entre o Estado e o mercado continua politizada", diz um texto recente de Alex Kremer, responsável pelo país no Banco Mundial.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaCrises em empresasEuropaFraudes

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame