Economia

Como funciona a reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos?

Conheça detalhes sobre o mais aguardado evento global do mundo dos negócios

DAVOS: Encontro anual nos Alpes suíços reúne economistas, executivos e chefes de estado do mundo inteiro (Reuters)

DAVOS: Encontro anual nos Alpes suíços reúne economistas, executivos e chefes de estado do mundo inteiro (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2018 às 16h43.

Última atualização em 23 de janeiro de 2018 às 17h26.

Davos - Começou nesta terça-feira a 48ª reunião anual do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) em Davos, na Suíça, o encontro anual que reúne a elite política e econômica global. Todos os anos, os delegados convidados abordam um tema diferente e, este ano, a pauta é “Criando um futuro compartilhado em um mundo fragmentado”. Descubra, neste breve guia, quais serão os temas e os protagonistas desta edição.

O encontro durará até sexta-feira 26 e terá a participação de mais de 3.000 convidados, incluindo o presidente do Brasil, Michel Temer, e dos Estados Unidos, Donald Trump, que chegará na próxima quinta-feira. Há mais de 400 painéis agendados durante essa semana que abordarão os tópicos mais diferentes. Não se falará apenas da economia, mas dos assuntos mais variados: da cibersegurança ao meio ambiente passando pelos aspectos sociais.

As discussões de Davos estão sempre cheias de ideias e algumas chegam a se concretizar. Os “grandes do mundo” passam a semana pensando sobre os principais desafios mundiais e como superá-los. O NAFTA, o acordo de livre comércio do Atlântico Norte – que conecta Estados Unidos, Canadá e México – foi inicialmente proposto em uma reunião informal entre líderes políticos em Davos.

A história do evento

Todos os anos, durante a terceira semana de janeiro, Davos hospeda a reunião anual do Fórum Econômico Mundial (WEF), uma ONG suíça comprometida com a melhoria do mundo a partir do engajamento de líderes de todas as áreas em agendas globais, regionais e industriais.

A conferência vem sendo realizada anualmente desde 1971. Naquele ano, realizou-se o Simpósio Europeu de Gestão, uma conferência acadêmica, econômica e de gestão presidida por Klaus Schwab, professor da Universidade de Genebra, que retornou de Harvard, onde passou um ano, e queria compartilhar sua nova experiência nos sistemas de gerenciamento dos EUA.

O primeiro fórum atraiu 450 pessoas e durou duas longas semanas. Ao longo dos anos, ele foi se consolidando. Políticos foram convidados pela primeira vez em 1974 e 1976 e, em seguida, começou executivos e presidentes de mais de mil empresas líderes de todo o mundo passaram a integrar o painel de convidados. Os encontros deram origem ao Fórum Econômico Mundial, oficialmente, em 1987.

Onde está Davos?

Davos é uma cidade nos Alpes suíços, famosa por ser um polo turístico tradicional de esqui. No século 19, Davos era famosa por hospedar clínicas médicas de alto nível. O escritor alemão Thomas Mann, que teve sua esposa internada por lá, tirou a inspiração para A montanha mágica de uma de suas estadias.

Durante cinco dias, esta pequena cidade no topo de uma montanha é sitiada por centenas de participantes do fórum. É impossível caminhar sem ser escoltado por um corpo permanente de atiradores de élite do exército suíço (há 5.000 deles nesta edição) e sem botas de esqui nos pés.

Encontrar um quarto de hotel na cidade, durante essa semana anual, pode ser impossível para quem não for participante do fórum. E, mesmo se houver, os preços estarão nas alturas. Para os moradores, claro que haveria de ter alguma vantagem: eles dizem que a semana do WEF é um ótimo momento para esquiar, pois as pistas ficam vazias.

Os convidados deste ano

Não é fácil para essa elite selecionada bloquear cinco dias completos de suas agendas para vir até essa isolada cidade suíça. Alguns permanecem no evento por apenas um dia ou dois. Entre os participantes confirmados este ano estão, dentre as realezas, o rei Filipe da Bélgica e sua esposa, a rainha Mathilde; o príncipe norueguês Haakon e a princesa Mette-Marit; o rei Abdullah II da Jordânia e a rainha Rania – esses já figurinhas carimbadas em Davos –, dentre outros.

A novidade desse ano é certamente a presença de Donald Trump. Na história dos Estados Unidos, Ronald Reagan juntou-se ao grupo em Davos várias vezes, mas apenas via vídeo. O primeiro presidente dos EUA que se sentou em Davos foi Bill Clinton, em 2000. Os presidentes George Bush – pai e filho – nunca foram até a aldeia nas montanhas suíças, e nem mesmo o presidente Barack Obama pisou por lá.

Além dele, uma série de outros políticos vão circular pelo evento: a primeira-ministra britânica Theresa May; o presidente afegão Mohammad Ashraf Ghani; o presidente ucraniano Petro Poroshenko; o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos; o primeiro-ministro paquistanês, Muhammad Nawaz Sharif; e o presidente sul-africano, Jacob Zuma.

Haverá também o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres; o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevedo; o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim; o diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde; e o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg.

Além disso, Davos sempre teve sua cota de celebridades do mundo do espetáculo. Os atores Matt Damon, Leonardo Di Caprio e Kevin Spacey, a atriz Goldie Hawn e o cantor Bono, da banda U2, são apenas alguns dos nomes que desfilaram por aqui. Esse ano foram premiados pelo seu compromisso social o cantor Elton John e a atriz Cate Blanchett.

Crachá, meu adorado crachá

Há uma verdadeira hierarquia dos crachás do WEF. Chefes de Estado, membros de famílias reais e personalidades de alto nível têm os crachás mais cobiçados: os brancos. Os laranjas são para o público em geral, os roxos para os técnicos, verdes para os funcionários que acompanham os chefes de estado e cinza para cônjuges e parceiros dos crachás brancos. Mas todos esses oferecem acesso mais limitado as áreas do evento.

O clima não ajuda

As temperaturas ficam entre -15°C e -17°C em Davos, e os hóspedes do fórum têm que usar transportes especiais para se locomover entre os inúmeros polos do evento. Embora curtos, não é recomendável que os trajetos sejam feitos a pé, devido à alta probabilidade de escorregões nas ruas cobertas de gelo e neve.

Curiosidades sobre Davos

Nem todos sabem que o fundador do WEF, Klaus Schwab, provavelmente é uma das raras pessoas do planeta que desligaram o telefone na cara de um presidente francês. Nos anos 1970, Schwab pediu a sua secretária que ligasse para o “Sr. Giscard d’Estaing”. Ele queria falar com Olivier Giscard d’Estaing, o chefe da famosa escola de negócios Insead. Em vez disso, a chamada foi feita para o palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, e Schwab foi colocado em contato direto com o então presidente francês, Valery Giscard d’Estaing. Ao ouvir a voz do presidente, Schwab entrou em pânico e desligou o telefone.

Outro causo inusitado envolveu o ex-primeiro-ministro britânico, Edward Heath, em 1979. Ele estava atuando como presidente do Fórum naquele ano, mas decidiu fazer sua aparição como diretor de orquestra, assumindo a batuta da Orquestra de Câmara de Zurique em um concerto beneficente.

Graças ao WEF uma guerra também foi evitada. O ex-primeiro-ministro turco, Turgut Ozal, afirma que Davos impediu seu país de entrar em conflito com a Grécia. Quando as tensões entre Ancara e Atenas se intensificaram, em 1987, só não houve guerra porque, no ano anterior, Ozal conheceu seu homólogo grego, Andreas Papandreou, no Fórum, percebendo que ele uma pessoa em quem se podia confiar.

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