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Comércio espera reação da renda para crescer em 2005

Para a Fecomercio, cenário do próximo ano não é claro porque faltam os investimentos necessários para gerar emprego e renda

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h26.

O comércio de São Paulo encerrará 2004 com um faturamento 5% maior que o de 2003, segundo as projeções da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio). O crescimento mostra um ano positivo para o varejo, apesar de não ser uma recuperação exuberante quando o setor lembra a retração de 3,8% do ano passado. Na avaliação da Fecomercio, o desempenho em 2004 foi sustentado principalmente pela expansão do crédito. "Cerca de 70% do comércio opera via crédito", afirma Abram Szajman, presidente da entidade. Segundo ele, a dependência do financiamento combinada a uma base de comparação fraca não permite qualificar o crescimento do setor como sustentado.

O confronto dos desempenhos acumulados mostra claramente o efeito estatístico das bases de comparação cada vez mais robustas. O acumulado de 2004 até julho mostrou uma alta de 7,4% sobre mesmo período do ano anterior- o maior resultado do ano. De lá para cá vem sendo detectada uma desaceleração que bateu em outubro em um ritmo de crescimento de 6,07%. É por isso que a entidade projeta um crescimento no ano de 5%. "Estamos torcendo por 6%, mas acho que vai cair para 5%", diz Szajman.

Para ele, o cenário em 2005 ainda não está muito claro. "Não dá para saber se vai ocorrer aumento de emprego e renda porque não estamos observando investimentos." A federação considera que o próximo ano vai depender mais do mercado interno, porque o câmbio (que favorece as importações) e as quedas das cotações internacionais das commodities agrícolas retiram das exportações agrícolas o papel de locomotiva da economia.

O problema é que desta vez a oferta de crédito não será ampla o suficiente para influenciar sozinha o comportamento do consumo. Além disso, a renda média continua estagnada, afirma Szajman. "A inflação tem superado a recuperação dos salários. O que vemos são aumentos salariais entre 7% e 8%", diz.

Entre os dez setores pesquisados pela Fecomercio (veja a tabela), um dos mais importantes, o de supermercados, apresentou uma diminuição para 3,3% na taxa acumulada de crescimento no ano. No período de janeiro a julho, o crescimento foi de 6,03%. A entidade destaca essa desaceleração, porque a demanda no setor responde diretamente ao comportamento da renda real dos consumidores e não à oferta de crédito. No caso das lojas de eletrodomésticos, o crescimento acumulado entre janeiro e outubro é de 18,49% em relação a mesmo período do ano passado. Esse desempenho é o maior dos setores pesquisados pela federação e pode ser explicado pela expansão do crédito.

Natal e futuro

Quanto às vendas de final de ano, a Fecomercio espera uma alta de até 4% no faturamento do varejo de São Paulo no Natal deste ano. Esse resultado pode ser explicado por duas outras pesquisas de entidade, que revelam que os moradores da região metropolitana estão menos inadimplentes (embora mais endividados) e mais confiantes em relação ao momento atual do que ao futuro.

De mil entrevistados, a federação constatou que 70% estão endividados, ante 65% no levantamento de novembro, em função das dívidas contraídas para efetuar as compras de Natal. Mas o número de inadimplentes recuou de 41% para 33%, graças ao pagamento do 13º salário. É também a entrada de dinheiro extra no orçamento familiar que explica o aumento de 7,5 pontos no índice de confiança no momento atual, para 121 pontos (em uma escala de 0 a 200).

Apesar do otimismo em novembro, a confiança em relação ao futuro caiu 12,5 pontos, para 144,5. Para a Fecomercio, esse resultado comprova os receios da população com a sustentabilidade da recuperação econômica e da melhoria da renda.

Como vai o comércio (janeiro a outubro)
Setor Comparação (%)*
Eletrodomésticos
18,49
Vestuário, tecidos e calçados
17,78
Concessionárias de veículos
11,32
Móveis e decorações
5,37
Supermercados
3,29
Farmácias e perfumarias
0,70
Lojas de Departamentos
-0,73
Materiais de contrução
-2,34
Cine-foto-som
-3,53
Autopeças e acessórios
-8,65
*sobre mesmo período de 2003
Fonte: Fecomercio
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