Economia

Comércio entre Brasil e Argentina pode superar recorde em 2010

Brasília - O comércio entre Brasil e Argentina pode superar este ano o recorde histórico de US$ 30,8 bilhões de 2008, afirmaram hoje funcionários dos dois países, que comemoraram "o baixo nível de conflito" na relação bilateral. Se a previsão for confirmada, haveria um déficit para a Argentina de US$ 2 bilhões na balança comercial […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Brasília - O comércio entre Brasil e Argentina pode superar este ano o recorde histórico de US$ 30,8 bilhões de 2008, afirmaram hoje funcionários dos dois países, que comemoraram "o baixo nível de conflito" na relação bilateral.

Se a previsão for confirmada, haveria um déficit para a Argentina de US$ 2 bilhões na balança comercial com o Brasil, que tanto o secretário de Indústria e Comércio argentino, Eduardo Bianchi, quanto o secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral, consideraram baixo.

Os dois secretários destacaram em entrevista coletiva o "baixo nível de conflito" no comércio bilateral, mas admitiram haver algumas questões a serem resolvidas, sobretudo na área automotiva.

Esse setor da economia foi o tema de boa parte das reuniões que os delegados dos dois países tiveram ontem e hoje em Brasília, como parte do mecanismo de consultas periódicas estabelecido por Brasil e Argentina para acompanhar a atividade comercial bilateral.

Bianchi disse que seu país tem atualmente um déficit de US$ 3 bilhões na balança do setor de peças automotivas e que 30% corresponde a sua relação com o Brasil.

O secretário afirmou que reduzir esse déficit "é uma prioridade" para a Argentina e que encontrou compreensão no Brasil.

Um dos problemas identificados é que as multinacionais do setor automotivo optaram por fabricar diversas peças em países asiáticos, o que minguou a produção tanto na Argentina quanto no Brasil.

Para tentar resolver a situação, Barral e Bianchi disseram que acordaram aprofundar as discussões nesse sentido e tentar envolver também as empresas privadas dos dois países, para buscar incentivos à fabricação de peças de carros.


Outros dos assuntos tratados na reunião foi o uso das moedas locais na relação bilateral, assim como diversos planos para a integração das cadeias produtivas, aos quais o objetivo é incorporar no curto prazo os setores químico e cultural, disse Barral.

Sobre o uso das moedas locais nas transações entre os dois países, promovido por um mecanismo estipulado em 2008, Barral disse que foi registrado um forte aumento, que fez com que cerca de 8% das operações tenham sido fechadas em reais ou pesos argentinos nos últimos meses.

O secretário de Comércio Exterior explicou que o mecanismo é cada vez mais utilizado pelas pequenas empresas e esclareceu que "nunca se chegará a um uso absoluto", inclusive porque as grandes multinacionais que operam nos dois países e respondem pela maior parte do comércio "estão atadas demais ao dólar".

Segundo dados oficiais, o comércio entre os dois países cresceu quase 50% entre janeiro e julho em relação ao mesmo período de 2009 e já se situa em torno de US$ 18 bilhões.

Nos primeiros sete meses deste ano, as exportações brasileiras para o país vizinho somaram US$ 9,4 bilhões, enquanto as importações da Argentina chegaram a US$ 8 bilhões.

No caso das exportações do Brasil para a Argentina, esses números representaram um aumento de 57,3% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto, no sentido contrário, o crescimento foi de 33,7%.

Segundo Barral e Bianchi, esses números são prova de que não existem conflitos importantes na relação bilateral, o que "permite" que as discussões entre os dois países se centrem em outros assuntos de interesse comum, como a integração das cadeias produtivas, para potencializar ainda mais o comércio.

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