Banco Central: esta é a primeira reunião do Copom desde que Roberto Campos Neto assumiu a presidência do BC, no lugar de Ilan Goldfajn (Gil Ferreira/Agência CNJ/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de março de 2019 às 10h39.
Última atualização em 19 de março de 2019 às 11h03.
Brasília — O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciou hoje (19), em Brasília, a segunda reunião de 2019 para definir a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 6,5% ao ano. Nesta quarta-feira (20), às 18h, será anunciada a taxa.
Esta é a primeira reunião do Copom desde que o economista Roberto Campos Neto assumiu a presidência do BC, no lugar de Ilan Goldfajn. Além dele, também estreiam no colegiado o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, e o diretor de Organização do Sistema Financeiro, João Manoel Pinho de Mello.
Apesar das mudanças na composição do Copom, a expectativa é que o colegiado mantenha, pela oitava vez consecutiva, a Selic em 6,50% ao ano. De um total de 43 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperam pela manutenção da Selic em 6,50% ao ano - o menor patamar desde que a taxa foi criada, em 1996.
Para o fim de 2019, no entanto, algumas instituições chegam a projetar novo ciclo de corte de juros, na esteira da recuperação lenta da economia e dos índices controlados de inflação. Entre 43 projeções, oito casas esperam por uma Selic abaixo de 6,50% ao ano no fim de 2019. Apenas uma instituição projeta o juro básico acima deste patamar. As demais projetam a Selic estável até o próximo ano.
No encontro anterior do Copom, em 5 e 6 de fevereiro, o colegiado manteve a Selic no patamar de 6,50% ao ano. Ao mesmo tempo, indicou que os riscos de curto prazo relacionados ao cenário externo diminuíram e que deve manter "cautela, serenidade e perseverança" nas próximas decisões, "inclusive diante de cenários voláteis".
Desde então, diversos indicadores econômicos sugeriram que a economia brasileira segue em marcha lenta - o que, para algumas instituições, abre espaço para novo ciclo de cortes da Selic ou pelo menos garante a taxa básica no mínimo histórico por mais tempo.
Na segunda-feira, o Banco Central informou que seu Índice de Atividade (IBC-Br), que serve como parâmetro para avaliação do ritmo da economia brasileira, recuou 0,41% em janeiro ante dezembro, na série com ajustes sazonais. Foi o primeiro recuo após dois avanços mensais consecutivos, em novembro e dezembro.
Já o IPCA - o índice oficial de inflação - subiu 0,43% em fevereiro, acumulando alta de 3,89% nos 12 meses até fevereiro. Na prática, a taxa segue em patamar confortável, já que a meta perseguida pelo BC este ano é de inflação de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (taxa de 2,75% a 5,75%).
No primeiro dia da reunião, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom avaliam as perspectivas para a inflação e definem a Selic.
O Banco Central atua diariamente por meio de operações de mercado aberto - comprando e vendendo títulos públicos federais - para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.
A taxa básica, que serve de referência para os demais juros da economia, é a taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).
A manutenção da Selic no atual patamar, como prevê o mercado financeiro em pesquisa feita pelo BC, indica que o Copom considera as alterações anteriores nos juros básicos suficientes para chegar à meta de inflação, objetivo que deve ser perseguido pelo BC.
Ao reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e incentivar a produção e o consumo. Entretanto, as taxas de juros do crédito não caem na mesma proporção da Selic. Segundo o BC, isso acontece porque a Selic é apenas uma parte do custo do crédito.
Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de ficar acima da meta de inflação.
Quando o Copom aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
O BC usa a taxa Selic como instrumento para alcançar a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Neste ano, a meta é 4,25%, com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%. Para instituições financeiras, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar em 3,89%, em 2019.
De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa Selic foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% em julho de 2015. Nas reuniões seguintes, ela foi mantida nesse patamar.
Em outubro de 2016, foi iniciado um longo ciclo de cortes na Selic, quando a taxa caiu 0,25 ponto percentual, indo para 14% ao ano. Esse processo durou até março de 2018, quando a Selic chegou ao seu mínimo histórico, 6,5% ao ano, e depois disso foi mantida pelo Copom.